domingo, 5 de maio de 2019

Capítulo 18 -"A Cah está realmente certa?"

Quarta, Novembro de 2014

Neymar Jr. OFF

Jéssica: Foi tão ruim assim, amiga? - perguntou quando chegamos no meu quarto e sentamos na minha cama.
Júlia: Foi péssimo, cansativo e frustrante! - suspirei. Já passou mais ou menos 1 hora que eu e meu pai chegamos em casa de Barcelona. Depois da audiência não tive paciência nem pra passar na casa da Sarah e pedi para o meu pai vir direto para casa, sem fazer qualquer pausa no meio do caminho. Tudo isso devido ao quão fiquei chateada com os acontecimentos dessa audiência. Um sentimento de frustação e empotencialidade tomou conta de mim e tudo o que eu queria era chegar em casa, no meu abrigo. - O Júnior conseguiu me desestabilizar, Jéssica. Só pra você saber o quanto foi ruim. A primeira coisa que o Juiz fez depois que deu o resultado do exame foi perguntar se a guarda compartilhada não era uma opção viável e o idiota negou usando a questão do pai como motivo, acredita? - e foi justamente nessa hora que eu comecei a me sentir frustrada. O babaca não consegue perceber que não têm nenhuma necessidade de eu inventar essa história toda e se eu continuo insistindo em falar é porque é a verdade?! Pelo amor de Deus, o cara nem ao menos consegue considerar o meu lado, como pude me envolver com uma pessoa desse tipo? Do tipo que vive dentro de uma bolha onde só importa a palavra e opinião daqueles que a compartilha junto com ele. 
Jéssica: Ele tomou seu lado como mentira de novo?
Júlia: Sim e ainda disse que o fato de eu insistir com isso é um dos grandes motivos para não optar pela guarda compartilhada.
Jéssica: Que babaca! Então o bem estar da Maluzinha não é um fator importante pra ele né?!
Júlia: A cada instante eu acredito mais que não é. - suspirei. - Depois que ele falou isso eu não consegui me segurar.
Jéssica: Imagino...
Júlia: Eu extourei! Chamei ele de patinho por cair nas invenções do pai dele e até esqueci da presença do Juiz.
Jéssica: Mentira que tu fez isso? - perguntou rindo.
Júlia: Fiz! Depois ele começou a rebater também, eu não fiquei calada e o Juiz precisou pedir para o meu pai me levar pra fora da sala e fazer eu me acalmar. Antes de sair eu ainda disse que ele iria se arrepender do que está fazendo.
Jéssica: Pura verdade né! Uma hora ou outra ele vai descobrir quem é o pai dele de verdade e vai lamentar por não ter acreditado em tu desde o início.
Júlia: Quero acreditar que não será muito tarde quando isso acontecer, mas está tão difícil. - meus olhos encheram de lágrimas só de pensar em tudo isso. - O resto da audiência só piorou! Ficou um clima de tensão depois que eu e o Júnior discutimos, ele aproveitou pra pedir o direito de visitações dele e o Juiz concordou com visitações de 2 horas nos finais de semana. Além disso, ele ainda pediu que a Malu pudesse passar o Natal com ele e se o Juiz aceitar esse pedido eu terei que ir junto. Tu imagina o quanto vai ser ruim pra mim? - passei as mãos do rosto para limpar algumas lágrimas que caíram. Só de pensar em conviver por algumas horas em um local cheio de pessoas que me desprezam me faz sentir algo ruim. 
Jéssica: Que situação ruim você irá ficar se isso acontecer... - suspirou e colocou uma mão no meu joelho apertando um pouco. - Tem chances do Juiz aceitar isso?
Júlia: Eu perguntei ao meu pai no caminho de volta e ele disse que têm. E não são poucas!
Jéssica: Vamos torcer para acontecer um milagre e ele não aceite.
Júlia: Que Deus me conceda esse milagre! - falei levantando da cama. - Vou no banheiro rapidinho, já volto. - ela assentiu e eu fui, fiz xixi, lavei as mãos e o rosto, sequei tudo e voltei para o quarto fazendo um coque frouxo no cabelo. - Ah, esqueci de te contar. Acredita que eu falei para o Juiz que se fosse preciso eu me mudaria para Bercelona com a Malu? - dessa vez sentei na minha poltrona que fica no canto do quarto e a Jés se ajeitou na cama pra ficar de frente pra mim.
Jéssica: Sério? Por que?
Júlia: O outro motivo que o advogado do Júnior deu para não optar pela guarda compartilhada era a questão da distância e o Juiz perguntou se não seria possível uma das duas partes se mudarem. O Júnior disse que não e eu tava tão desesperada querendo que ele aceitasse compartilhar a guarda que falei que se fosse preciso eu me mudaria.
Jéssica: Você faria isso mesmo? - perguntou com um tom meio chocado.
Júlia: Faria! - falei com convicção. - Cheguei em um patamar que concordaria com qualquer coisa se for o melhor para a Malu e pra mim, Jés. Não dá pra te explicar o tamanho do medo e apreensão que estou sentindo sobre o final dessa disputa. - suspirei. Eu raramente sou uma pessoa pessimista, mas nessa situação toda que estou vivenciando os pensamentos negativos tomaram conta da minha mente.
Jéssica: Aí, amiga... Fico tão triste por ver você passando por essa situação. Admiro sua força porque eu não sei aguentaria tudo isso.
Júlia: Eu só estou aguentando porque isso tudo é sobre o bem estar da minha filha. Só isso que me motiva a seguir em frente com toda essa loucura.
Jéssica: Tu e seu amor incondicional pela Maluzinha é um exemplo para mim quando eu tiver um filho em um futuro bem distante. - rimos. - Mas se você muda-se para Barcelona eu iria contigo porque não sobreviveria sem você aqui.
Júlia: Boba! - ri. - Pode dizer a verdade que tu iria agradecer por não ver minha cara linda todo dia de manhã naquele hospital.
Jéssica: Que mentira! Eu iria sentir falta de ofuscar sua beleza com a minha, meu amor. - rimos. 
Júlia: Você anda sonhando muito, amiga! Aqui na vida real é tudo ao contrário isso aí... - falei sorrindo e ela gargalhou. - Hoje é sua última folga antes das férias né?
Jéssica: Para minha completa tristeza sim. - fez beicinho. - E você? Tem alguma ainda?
Júlia: Não! Minhas folgas foram todas usadas com esse negócio de ir para Barcelona. Agora é pegar pesado direto até dia 5.
Jéssica: Estamos juntas nessa! Graças a Deus só tem mais uma semana pela frente. O Daniel hoje tá levando a merda. Ontem ele me disse que tinha mais de 15 consultas para fazer.
Júlia: Tadinho! Ele vai pegar o plantão da sexta né?!
Jéssica: Eu vi o nome dele na lista. Tá lascado! - rimos e meu celular começou a tocar em cima da cama. Ela pegou e trouxe até mim olhando na tela. - Carolzinha... - disse com um tom de deboche e eu gargalhei enquanto pegava dela.
Júlia: Sem ciúmes, amiguinha!
Jéssica: Ui, que ciúme o que... Fica aí falando com a Carolzinha que eu vou lá embaixo procurar algo pra comer com a tia Marcela e a Maluzinha. - minha mãe se deu uma folga hoje e por isso está em casa.
Júlia: Quem ouve nem imagina que acabou de almoçar a 30 minutos atrás... - falei enquanto ela ia para a porta.
Jéssica: Fica shiu aí, garota! - eu ri e ela saiu do quarto. Atendi a Carol antes que a ligação fosse para a caixa postal.
Júlia: Oi, Carol!
Carol: Oi, Júlia! Tudo bem?
Júlia: Na medida do possível, está sim. E você, como está? Faz algum tempo que a gente não se fala... - desde o dia em que a história da paternidade da Malu veio a tona, nós duas ficamos meio distantes. Até fizemos algumas interações pelo insta, mas se baseou apenas em comentários simples e curtidas.
Carol: Tô bem, graças a Deus! É verdade, faz tempo que não trocamos mensagens. Juro que não foi porque eu não queria, mas sim porque eu pensei que você precisava de um tempo para lidar com as coisas que estão acontecendo.
Júlia: Sério que foi por isso?! - perguntei meio surpresa porque eu tinha em mente outro motivo para esse nosso distanciamento.
Carol: Sim! O que você pensou?
Júlia: Que você se chateou comigo por causa disso tudo, assim como o Júnior e sua família que me acham uma mentirosa. Imaginei que ele já tinha contado toda essa loucura para você no ponto de vista dele e você acreditou.
Carol: Meu Deus, Júlia, claro que não! Sim, eu sei de tudo que vocês dois estão passando e um pouco da história, mas eu nunca pararia de falar com você por causa disso. Pelo contrário, não quero me envolver nessa história porque não faço parte dela. Independente de qualquer coisa minha relação com você não vai mudar, assim como a minha com o Júnior.
Júlia: Fico feliz por ouvir isso, Cah! - respondi um pouco surpreendida por saber que ela não me jugou mal sendo tão próxima do Júnior. - Confesso que estava um pouco triste pela possibilidade de perder sua amizade, que apesar de ser recente eu já considero muito.
Carol: Eu jamais estragaria essa conexão forte que a gente teve desde o início por uma história que não cabe à mim julgar, Júlinha. Pode ficar despreocupada, que nada mudou entre nós e tu terá que me aturar pelo resto da vida, se Deus quiser. - rimos.
Júlia: Nunca pensei que ficaria tão feliz por ter que aturar uma pessoa tão chata como você, garota.
Carol: Não sei se fico feliz ou com raiva de tu por ouvir isso. - eu gargalhei. - Idiota... - riu também. - Mas me diz, como você tá com todos esses acontecimentos? - perguntou parando de rir e eu também porque a graça tinha ido embora com a chegada das coisas que essa pergunta nos fez lembrar.
Júlia: Nada bem, Cah... - respondi suspirando.
Carol: Eu imagino! - suspirou também. 
Júlia: O máximo que dá para fazer é fingir que estou bem e viver um dia de cada vez. Porém, os dias que possuem uma das audiências agendadas nem pra fazer isso dá, como hoje. É o dia inteiro frustrada e com a mente perdida em pensamentos.
Carol: Nossa, sei como deve estar sendo difícil pra você. Não importa o tipo de mãe, se mexer com os filhos todas viram uma leoa querendo fazer de tudo para proteger suas crias.
Júlia: É exatamente assim que eu me sinto em meio a toda essa confusão. Minhas preocupações não é por mim, mas sim pela Maria né, que ainda é muito pequena pra vivenciar essa bagunça. Tô com muito medo de tudo isso prejudicar a vida dela de alguma forma, Cah. - levantei da poltrona assim que terminei de falar e saí para a sacada do meu quarto com a intenção de pegar um ar fresco no rosto e isso afastar novas lágrimas que estavam prestes a cair. Chega de chorar por hoje, Júlia Sanchez! 
Carol: Se Deus quiser isso não irá acontecer, Júlinha. Isso tudo é só uma fase ruim que passará logo e não será mais lembrada.
Júlia: Espero que seja assim, mas posso te falar? Minha esperança quase não existe mais! A cada dia, a cada nova audiência eu perco minha fé e vejo a possibilidade cada vez mais perto de não ter minha filha à todo tempo perto de mim. - sentei na minha espreguiçadeira, juntei meus joelhos e passei um dos meus braços em volta deles.
Carol: Por que pensa isso? As coisas estão indo tão ruim assim?
Júlia: Na verdade não, estamos entrando na questão da guarda agora. Mas não sei porquê, apenas sinto que o final dessa história não será bom para mim. Pode ser só paranóia de mãe ameaçada de perder sua filha ou uma intuição mesmo, não sei...
Carol: Talvez seja apenas seu medo falando mais alto, Júlinha. Pelas poucas coisas que o Júnior me conta, não acho que tem algo decidido nessa história.
Júlia: Não sei, talvez seja isso mesmo... - fiquei quieta por alguns segundos. - Ele te contou da audiência de hoje? - perguntei com o tom um pouco indiferente.
Carol: Contou superfialmente do resultado do exame, das discussões de vocês...
Júlia: Hum, te disse que não considera a guarda compartilhada porque eu insisto em dizer a verdade sobre o papaizinho dele?!
Carol: Não disse exatamente com essas palavras, mas sim.
Júlia: Sei que ele disse que estou inventando essa história porque já deixou bem claro pra mim, mas infelizmente não estou. Infelizmente porque se essa história realmente não tivesse acontecido a gente não estaria passando por tudo isso agora. - suspirei.
Carol: É, realmente seria tudo diferente. Como você já sábia, o Júnior me contou essa história quando tudo veio a tona, mas foi de uma maneira geral e eu fiquei curiosa para saber como se deu tudo isso e qual foi a reação que você teve no momento porque eu não consigo imaginar.
Júlia: Até hoje eu fico chocada por ter passado por isso, Cah. Eu, uma menina de 19 anos que acabou de descobrir uma gravidez e que apesar do medo decidiu contar para a pessoa que participou da geração dessa criança, escuta através de uma ligação o avô do seu filho... - contei a história toda para ela com todos os detalhes. - Foi o momento mais perplexo de toda a minha vida, Cah. Mais até do que o fato de ter engravidado com uma idade tão jovem...
Carol: É realmente impressionante esse acontecimento... - disse pela primeira vez depois de ter ouvido a história toda em silêncio. 
Júlia: Sei que é difícil pra você acreditar, Cah. Se pra mim ainda é, imagino pra você por conhecer esse homem...
Carol: Não vou mentir e dizer que não é, mas também não vou pré julgar e tomar como mentira. Como eu já te disse, essa não é minha função. Olha, o Júnior veio aqui em casa hoje e nós conversamos um pouco sobre essa situação de vocês e sobre outra coisa que eu vou deixar pra ele te falar. Ouvi às opiniões dele sobre toda essa história e quando ele pediu minha opinião eu dei e agora vou te dizer a mesma coisa que disse pra ele. "Na minha opinião, essa história da Júlia não é tão absurda quanto parece." - fez uma pausa antes de continuar. -  Foi exatamente essas mesmas palavras que eu falei pra ele!
Júlia: Sério? - perguntei surpresa por saber que ela acha isso, coisa que eu nunca imaginária, e por ter falado isso para o Júnior. 
Carol: Sério!
Júlia: Por que você acha que não é absurda?
Carol: Por incrível que pareça também é por causa do período que eu descobrir minha gravidez. O Neymar também não agiu bem quando descobriu. Não chegou nem perto de como agiu com você, mas não foi nada bom.
Júlia: Jura? - perguntei, mas nenhum pouco surpresa com essa informação. Não esperava menos desse homem, até mesmo porque a época da gravidez dela foi a mesma da minha.
Carol: Sim! Eu e o Júnior... - contou como foi a descoberta da gravidez, como contou pro Júnior e a família dos dois, e a reação do cretino. - E é por conta disso que falei para o Júnior isso. Ele viveu junto comigo toda essa tensão e eu sei que é difícil pra ele apenas cogitar a possibilidade do pai dele não ser o que ele imagina, mas não acho que ele está agindo de maneira certa. Ele nem ao menos pensou em te chamar para conversar e com isso tentar entender essa história. Já foi desde o início te julgando e não dando uma chance para uma possível conversa.
Júlia: Essa sua história só reforça minha certeza do quão desprezível é esse Neymar. Qual é o porque disso tudo, meu Deus?! Sei que ele não queria que nada atrapalha-se a carreira do Júnior, como ele mesmo me disse naquela época, mas em que mundo ele vive pra querer resolver tudo dessa maneira?
Carol: Eu realmente não sei! Só sei que o Davi não atrapalhou em nada na carreira do Júninho, tanto é que hoje ele está bem sucedido na área profissional. Confesso que no início não foi fácil, ainda mais porque essa questão com o Neymar estava bastante tensa e eu pensava que ele nunca iria aceitar o Davi da maneira que todo avô gosta do seu neto, mas só bastou ele nascer para as coisas se ajeitarem. Ele se apegou bastante ao Davi e eu e o Júnior soubemos conciliar tudo para que não interferisse de uma maneira ruim em seu trabalho.
Júlia: Fico feliz que deu tudo certo para você, Cah. De coração mesmo! - sorri fraco. 
Carol: Obrigada! Queria que tivesse dado tudo certo para você também, Júlinha. Você merece muito tudo de bom que há nessa vida.
Júlia: Obrigada, mas não deu né... - suspirei. - Não sei porque, mas talvez tinha que acontecer dessa forma. Ouço você falando do Júnior nessa época e me bate uma nostalgia porque consigo imaginar perfeitamente o Júnior que eu conheci agindo justamente assim. - ri, mas com um ar de tristeza. - Pena que esse atual Júnior não é mais o mesmo...
Carol: Júlia, vou te dizer uma coisa que eu posso falar com toda certeza porque convivo com ele e vejo o jeito dele com o Davi constantemente. Esse Júnior é o mesmo sim de anos atrás, pode acreditar. Sei que parece mentira, mas não é. Sim, existe algumas mudanças, mas todo mundo sofre mudanças no decorrer da vida, não é? Porém, a essência dele continua lá. O Júnior sonhador, amigo, brincalhão, amável, companheiro e todas as outras características boas continua lá. Acho que você não consegue enxergar isso agora porque ele está tão surpreso com tudo isso quanto você ficou naquela época. Sei que não foi fácil pra você e nem está sendo agora, mas imagina pra ele que inesperadamente têm que começar a desconfiar da honestidade de seu próprio pai?! A ficha dele ainda não caiu, tanto que na cabeça dele nem passa a possibilidade de cogitar essa história, mas eu acredito que uma hora ou outra vai cair. E nesse momento ele vai começar a enxergar coisas que até agora não vê e assim fará o que é certo. Porque o Júnior é assim!
Júlia: Tu realmente acredita nisso, Cah? Porque eu realmente não enxergo quase nada do Júnior que eu conheci nesse de agora.
Carol: Sim, eu acredito!
Júlia: Então, espero que você esteja certa! - suspirei. Será mesmo que ele não mudou tanto como eu penso? Então, o Júnior que me contou seus sonhos com os olhos brilhando e com um sorriso largo no rosto continua existindo? O Júnior que me tirava do sério com as suas brincadeiras patéticas e logo depois me enchia de carinho para desfazer minha cara emburrada? O Júnior que vivia o dia inteiro cantando com aquela voz horrível, mas que não se importava com o que as pessoas pensavam? O Júnior que fazia questão de parar para conversar com todos os funcionários do hotel e deixava uma gorjeta generosa para todos os garçons que nos atendia nos restaurantes? O Júnior que era lindo por fora, mas principalmente por dentro?
Carol: Não tenho dúvidas que estou! - disse me tirando dos devaneios. - Agora vamos mudar de assunto, um momento longe dessa confusão por favor. - riu e eu também. - Me diz, quando vamos nos encontrar de novo? Sou ótima em levar descontração para a vida das pessoas hein...
Júlia: Descontração é o que eu estou necessitando, mas por agora nem rola. Estou entrando nos meus últimos dias no hospital antes das férias e será uma correria. Não tenho nem direito à uma folguinha... - suspirei.
Carol: Aí, que horrível isso! Você irá para o Brasil logo quando entrar de férias ou ficará um pouco aqui ainda?
Júlia: Terei que ficar por causa das audiências né, só poderei ir uma semana depois.
Carol: Aé, esqueci que acontecerá a mesma coisa com o Júnior. Eu e o Davi vamos na semana que vem, então nem rola de eu te visitar nesse tempo, mas no Brasil nós vamos dar um jeito de se ver. Não quero saber como, mas vamos hein!
Júlia: Sim, senhorita! Sempre tiro uns dias pra ir para Sampa ver o pessoal, então irei te avisar quando estiver por lá pra gente se encontrar. - assim que terminei de falar ouvi a porta do meu quarto sendo aberta e logo depois a voz da Malu.
Malu: Mamãe?
Júlia: Aqui na sacada, amor! - falei levantando da espreguiçadeira. 
Carol: Maluzinha?
Júlia: É... - respondi vendo a Malu aparecer na entrada da sacada. - Oi, o que foi?
Malu: Nada! - disse chegando perto de mim e abraçando minhas pernas.
Júlia: Nada é?! - perguntei desconfiada, passando a mão livre do celular em seu cabelo e a Carol riu. - Cadê sua vó e a titia Jés?
Malu: Elas estão lá fola na piscina.
Júlia: Dentro da piscina nesse frio? Tão loucas é?! - a Carol riu de novo e dessa vez eu acompanhei.
Malu: Não, mamãe! Elas tão sentadas na cadeila lá. - disse inclinando a cabeça para me olhar.
Júlia: Ah sim! E o que tu veio fazer aqui? Não me diz que é nada, porque quem nada é peixe e eu sei que a senhorita quer algo.
Carol: Davi ponto dois! - rimos.
Malu: É-é que eu pedi a vovó um poquinho de chocolate quentinho, mas ela não quis me dá. Masi eu quelo muito, então voxê pode me dar um poquinho? - perguntou fazendo biquinho.
Júlia: Por que sua vó não quis te dá?
Malu: Não sei! - encolheu os ombrinhos  e continuou com a cara de cachorro sem dono. Ela sabe que essa cara me desmonta inteira, espertinha! 
Júlia: Como eu vou falar não pra você com essa carinha, garotinha?! - falei sorrindo e a Carol gargalhou. 
Malu: Vai me dá? - perguntou esperançosa. 
Júlia: Vou!
Malu: Oba! - exclamou abrindo um sorrisão, pegou a minha mão e começou a me puxar para dentro do quarto. - Vamo!
Júlia: Calma, o bendito chocolate não vai sumir se fomos sem pressa. - revirei os olhos e continuei seguindo ela para o corredor com um ritimo mais calmo. - Cah, vou ter que desligar agora pra atender essa madamezinha aqui. - rimos.
Carol: Tudo bem! A gente conversa depois pelo o Whats. Não some mais hein?!
Júlia: Pode deixar, você também não! Dá um beijo no loirinho por mim, tá bom?
Carol: Tá, mas eu acho que tu vai ter a oportunidade de falar com ele mais tarde.
Júlia: Sério? Por que? - perguntei curiosa.
Carol: Espera e saberá! - disse rindo.
Júlia: Hum, essa eu vou deixar passar! - ri.
Carol: Fala pra Maluzinha que a tia tá com saudades.
Júlia: Falo agora! - respondi enquanto ajudava a Malu a descer as escadas. - Amor, a tia Carol disse que está com saudades de você.
Malu: Eu tabem tô com saudades dela e do Davi. Quando eu vou ver eles, mamãe?
Júlia: Logo, logo princesa! Tudo bem? - ela assentiu. - Ouviu, Cah?
Carol: Aff, dá vontade de esmagar essa menina de tanto carinho. - rimos. - Vou deixar você fazer o que precisa fazer. Beijo e até depois!
Júlia: Beijo, Cah! - desligamos.
Malu: Mamãe, eu posso comer bicoito tabem?
Júlia: Que fome é essa? Não encheu a barriga no almoço? - perguntei guardando o celular no bolso no mesmo momento que chegamos na cozinha. Avistei minha mãe e a Jéssica conversando no sofá do outro lado da piscina pela vidro da porta.
Malu: Masi faz muito tempo do papa e eu quelo chocolate.
Júlia: Muito tempo?! O almoço foi à uma hora atrás, garota. - ri e fui até a geladeira enquanto ela me seguia. - Espero que o chocolate que a Rosinha fez ontem não tenha acabado né. - falei procurando em meio ao caos de alimentos que estava a geladeira. 
Malu: Pegunta a tia Losinha onde tá, mamãe!
Júlia: A Rosa não está em casa, amor! - Depois do almoço minha mãe deu a tarde de folga pra ela e a mesma saiu logo depois que o meu pai também saiu para o escritório.
Malu: Poxa! - exclamou já ficando emburrada e no mesmo instante eu achei o bendito chocolate. 
Júlia: Olha ele aqui! - falei pegando a jarra e fechando a geladeira. 
Malu: Eba, masi ele tá gelado!
Júlia: A mamãe vai esquentar. - caminhei até o micro-ondas com ela no rasto, coloquei a jarra dentro, fechei a porta e digitei os minutos.
Malu: E agola? - a olhei.
Júlia: Agora é só esperar um pouquinho... - falei levantando a mesma e colocando sentada no balcão. - Você não me contou como foi a manhã com a sua vó hoje. - beijei sua mãozinha. Cheguei tão aéria e irritada da audiência, que quando percebi que ela estava bastante entretida assistindo um de seus inúmeros desenhos não quis incomodar e fiquei um pouco distante para lidar com a minha frustação e assim não deixar transparecer para ela. A chegada da Jéssica só ajudou porque ela distraiu a Malu, como sempre, e o almoço não ficou com um clima tenso que estava pairando entre eu, meu pai e a minha mãe que ficou sabendo de tudo que rolou na audiência logo assim que chegamos em casa.
Malu: Eu, a vovó e a tia Losa fomos tomar café na rua, a vovó compou bolinho colorido pra eu, depois a gente veio pra casa e vimos a turma da Mônica. - respondeu mexendo com o meu cabelo.
Júlia: Uau, fizeram só coisas legais né?! - falei sorrindo e ela assentiu.
Malu: Ah, eu tabem falei com a bisa e a pima soso no celular. - disse sorrindo.
Júlia: Elas ligaram pra sua vó?
Malu: Xim!
Júlia: E o que elas falaram com você?
Malu: Que tavam com saudade de mim, de voxê, da vovó e do vovô, da titia Salah e do titio Fe. Aí a vovó disse que a gente vai ver elas logo.
Júlia: E é verdade! Nós vamos para a casa da bisa Márcia daqui à algumas semanas como sempre vamos todos os anos, lembra? - ela assentiu. 
Malu: A gente vai na praia tabem né? - perguntou me olhando e eu ri. Porém, entendo a falta que ela sente. Aqui na Espanha raramente vamos para lugares que possuem praias. A única que nós vamos uma vez ou outra é as de Barcelona, mas faz um bom tempo que não vamos lá e também não é a mesma coisa das praias do Brasil né. Saudades do sol, areia, mar e água de cocô do meu Rio.
Júlia: Vamos muitas e muitas vezes! - respondi e logo depois enchi seu pescoço de beijinhos fazendo ela gargalhar. - Quem é a pessoa que a mamãe ama de montão? - perguntei parando com o ataque de beijos. 
Malu: Eu! - exclamou levantando um dos braços e sorrindo. 
Júlia: Acertou! E quem ama a mamãe?
Malu: Eu! - respondeu com o mesmo gesto.
Júlia: Ama muito?
Malu: Xim, ama! - sorri quando ela passou os bracinhos pelo meu pescoço e nós demos um beijinho de esquimó. 
Júlia: Te amo!
Malu: Eu tabem te amo, mamãe! - beijei sua testa e no mesmo momento o micro-ondas apitou avisando que os minutos tinham acabados. - Tá ponto?
Júlia: Está! Vem, desce pra mamãe ir colocar no colo pra você. - falei tirando ela do balcão e colocando de volta no chão, andei até o micro-ondas pra tirar a jarra, peguei o copo dela, tirei a tampa e enchi de chocolate, fechei e estendi pra ela que pegou na mesma hora. - Vai sentar lá fora com a vovó e a tia Jés que a mamãe já vai levar os biscoitos lá, tá bom? - ela assentiu e foi. Peguei uma bandeja, três xícaras e uma tigela no armário, enchi as xícaras de chocolate, a tigela de biscoitos e coloquei tudo na bandeja. Lavei a jarra vazia, já que o chocolate tinha acabado, sequei as mãos, peguei a bandeja e fui para onde estava as 3 meninas. 
Jéssica: Nossa, eu nem queria, mas já que tu trouxe não vou recusar né?! É falta de educação! - disse quando me viu e pegando uma das xícaras da bandeja que eu coloquei na mesa de centro.
Júlia: Ata, sei! - falei com um tom debochado. - Quem não te conhece que te compre, querida. - rimos. - Trouxe pra você também, Dona Marcela.
Marcela: Obrigada, minha filha! - respondeu pegando uma xícara e eu peguei a outra antes de sentar entre a Jéssica e a Malu, que estava ao lado dela, no sofá. 
Malu: Mamãe, quelo bicoito! - pediu me olhando, peguei a tigela com os biscoitos e coloquei próximo dela no sofá. 
Jéssica: Eu também quero biscoitos! - disse fazendo biquinho e a Malu a olhou.
Malu: Toma! - estendeu um mísero biscoito para ela.
Jéssica: Vai me dar só um?! - a Malu assentiu e eu ri junto com a minha mãe. - Poxa, vou ficar triste então. Queria mais um... - respondeu fingindo um suspiro triste.
Malu: Não, não fica tiste, titia! Toma maisi... - falou estendendo mais 3 biscoitos.
Jéssica: Obrigada, minha princesa! A titia tá feliz agora. - disse rindo e a Malu sorriu antes de começar a atacar os biscoitos. 
Marcela: Essa senhorita chamada Maria Luíza tanto fez que conseguiu o que queria né?!
Júlia: Tu sabe que ela consegue me desmontar quando quer né?! Não conseguir dizer não. - ri. - Mas por que você não quis dar a ela? - tomei um gole do chocolate.
Marcela: Porque achei que não tinha necessidade de dar agora, já que ela acabou de almoçar há uma hora atrás. Mas pelo o que estou vendo ela estava com fome mesmo... - falou olhando para a Malu enquanto a mesma devorava os biscoitos e o chocolate. - Está na hora de aumentar a quantidade de comida para ela. Acho que essa quantidade não está sendo mais eficiente...
Júlia: Deve ser porque cada vez menos ela me procura pra mamar. - fiz beicinho. - Minha cria não é mais bebê!
Jéssica: Ah, essas mães que querem manter os filhos debaixo da saia pra sempre... - rimos. 
Marcela: É o normal de todas as mães, não tem jeito!
Jéssica: É, acho que minha mãe está em estado de negação até hoje. Não para de querer resolver tudo por mim! - riu.
Júlia: Espera chegar sua vez que tu vai entender o lado dela.
Jéssica: Não tão cedo, se Deus quiser! - rimos e o celular da minha mãe começou a tocar.
Marcela: Vocês reclamam, mas também não conseguem viver sem as mães. - disse quando olhou a tela do celular e virou ele pra mim e a Jés ver. Era a Sarah!
Júlia: Essa aí saiu de casa, mas nem parece! Cortou o dedo liga pra avisar... - nós três demos risadas no mesmo instante em que ela atendeu a ligação. 
Marcela: Oi, Sarah... - escutou o que a Sarah disse. - É a sua irmã e a Jéssica falando besteiras aqui.
Jéssica: Eu?! Não falei nenhuma besteira, tia. - eu ri. - É a Júlia tirando onda com a sua face aqui, Sarinha! - disse rindo em um tom alto.
Júlia: Fofoqueira... - falei antes de tomar o restante final do meu chocolate e ela me mostrou o dedo do meio.
Marcela: Ela disse que nem parece que você saiu de casa porque qualquer coisinha que acontece tu liga pra cá. - disse pra Sarah e eu revirei os olhos.
Júlia: Fofoqueira 2! - Jés riu.
Marcela: Vou te mostrar a fofoqueira daqui à pouco, garota... - disse me olhando. - Ah, Sarah, não sou pombo correio não! Vou colocar no viva voz e tu fala com elas. - enquanto eu e a Jéssica rimos ela fez exatamente o que disse. - Pronto, coisa chata!
Sarah: Que estresse, Dona Marcela! - respondeu rindo.
Júlia: Pra você ver o que eu aguento todos os dias, querida.
Marcela: Que engraçadinha! Sou eu que tenho que aguentar você. As duas puxaram a chatice do Dennis porque eu não sou assim não, graças a Deus.
Jéssica: Essa família é muito linda e também muito oriçada, briga por qualquer razão... - cantou fazendo a xícara de microfone e eu, a mãe e a Sarah rimos.
Sarah: Boba! E aí, você e a Júlia não tem o que fazer não, além de ficar falando mal de mim pelas costas?!
Jéssica: Não, querida! Nós somos merecedoras de um dia relex porque já fizemos muito nessa vida.
Júlia: Exatamente! E outra, a gente fala mal de tu na sua frente também, é só aparecer por aqui.
Sarah: Abusadas! - rimos. - Tô vendo que já está mais calma né? Que bom! 
Júlia: É! A adrenalina já abaixou e a frustação continua, mas tô tentando esquecer dela. - no caminho de volta para Madrid depois da audiência, eu liguei para ela pra avisar que viria direto pra casa e passamos um bom tempo conversando sobre a reunião. É lógico que minha raiva estava gigantesca e ela notou. 
Marcela: Já te disse que não é pra deixar essa situação interferir em grande parte dos seus dias.
Sarah: Falei a mesma coisa, mãe. Quer lamentar sobre isso? Lamente, mas só por um momento e depois vida que segue e tente aproveitar o máximo possível o restante do tempo.
Jéssica: É o melhor mesmo! Até porque ficar se estressando por isso todos os dias não vai adiantar em nada. - encolheu os ombros.
Júlia: Eu sei de tudo isso, gente, mas não é tão simples assim. - suspirei e comecei a passar a mão pelo cabelo da Malu que ainda estava entretida comendo.
Marcela: Sabemos que não é, filha. Porém, não custa nada tentar né?! - sorriu fraco.
Júlia: Tô fazendo exatamente isso! - falei imitando o sorriso. - Então, Sarah, tá fazendo o que? Saiu cedo do trabalho? - perguntei com a intenção de mudar o assunto.
Sarah: Quem dera! Precisei sair um pouco mais tarde para o horário de almoço hoje e estou justamente nos minutos finais dele agora. Cadê a princesa?
Marcela: Está aqui enchendo a barriga de chocolate quente e biscoito. - respondeu olhando pra ela.
Sarah: Ah, só assim mesmo pra ficar quietinha! - rimos.
Júlia: Dá "Oi" pra titia Sarah, amor! - falei pra Malu que tirou o olhar dos biscoitos e olhou para o celular que a vó estava segurando.
Malu: Oi, titia Salah! Eu tô comendo bicoito com chocolate quentinho.
Sarah: Oi, princesa! Hum, tá gostoso?
Malu: Xim!
Sarah: Que bom, então! Come tudo pela titia, tá bom?
Malu: Tá! - respondeu e voltou a atenção exatamente para isso.
Sarah: Mãe, a vó Márcia ligou pra você ou para o papai?
Marcela: Sim, por que?
Sarah: Porque eu estava conversando com ela pelo o Whats hoje cedo e ela disse que queria falar contigo.
Marcela: Ata! Ela já ligou sim...
Júlia: O que ela queria? A Malu me disse que falou com ela e a Sophia.
Marcela: Nada importante! Era só pra perguntar sobre a nossa ida pra lá e contar as novidades. Seus tios Denise e Vinícios chegam com o Victor no Rio na semana que vem.
Sarah: Ela me disse isso também!
Júlia: Que milagre eles conseguirem chegar tão cedo assim... - falei surpresa. Meus tios, Denise e Vinícios, e o meu primo Victor, filho único dos dois, moram na Alemanha e lá o início das férias de fim do ano é completamente louco. Por isso, já teve anos que eles só conseguiram chegar na casa da minha vó no próprio dia de Natal. 
Marcela: Também fiquei surpresa, mas sua avó disse algo sobre o governo alemão ter atencipado as férias por causa de alguma coisa que eu não me lembro agora.
Jéssica: Eu vi uma notícia nas redes sociais que o início letivo do ano que vem lá será antecipado também. - (Não é uma informação real, gente! Nem sei se isso acontece mesmo haha)
Marcela: É, têm algo relacionado a isso aí mesmo.
Sarah: Que doideira!
Marcela: Sim, as coisas naquele país são totalmente diferentes. É por conta disso que o Dennis vive falando com aquele irmão dele pra voltar pra cá. - suspirou.
Júlia: Acho que a tia Denise não iria querer, mãe.
Marcela: É né, não entendo essa irmã minha. Prefere viver em um país totalmente diferente da nossa cultura, podendo muito bem ficar aqui onde já estamos acostumadas. - bufou. Sim, a situação da relação dos meus tios é totalmente igual as dos meus pais. Anos atrás minha mãe e a minha tia Denise decidiram fazer uma tour pela a Europa, acabaram se encontrando com dois irmãos espanhóis, meu pai e o tio Vinícius, e desse encontro saiu dois casais. Depois de casados, meus pais resolveram viver aqui na Espanha mesmo. Já meus tios ficaram um pouco no Brasil, aí quando o Victor nasceu vieram pra cá e a 2 anos atrás decidiram ir para a Alemanha. Meu tio é o único familiar próximo do meu pai hoje em dia porque com a morte dos meus avós a família, que não era grande, se afastou e cada um foi para um canto aleatório. 
Sarah: Eles gostam de lá, mãe. Isso que importa!
Marcela: Verdade, infelizmente!
Júlia: Então, esse ano nós vamos ser os últimos a chegar né?! Eles vão chegar na semana que vem, a tia Fabiana e as meninas já vivem lá... - a tia Fabi é a outra irmã da minha mãe e ela e as filhas, Sophia e Luara, foram morar junto com a minha vó depois que se separou do marido. Foram duas situações resolvidas de uma vez só porque minha vó já estava vivendo sozinha, em uma casa bastante espaçosa, desde quando meu avô faleceu.
Marcela: Esse ano, sim!
Sarah: Ainda não é nada certo, mas talvez vou ter que ir para o Brasil antes de vocês.
Marcela: Por que?
Sarah: Uma prima do Felipe vai casar agora no começo de Dezembro e ele está insistindo pra eu ir junto com ele, mas ainda estou pensando sobre isso. Não quero ficar longe em meio a toda essa situação... - suspirou.
Júlia: Para de palhaçada, Sarah! Vai sim, não tem necessidade de tu estar aqui.
Sarah: Ah, meu apoio não é importante então, Dona Júlia?! - disse em um tom indignado e agora foi minha vez de suspirar.
Júlia: Não estou dizendo isso, maninha! Claro que seu apoio é muito importante pra mim, mas não tem porquê tu deixar de ir festejar com a família do seu namorado apenas por causa dessa situação. Não vai mudar em nada e também são só mais duas audiências pela frente. Os dias vão passar voando ou assim eu espero né... Enfim, não deixa de ir por conta disso e não se preocupe que nós vamos te manter informada sobre tudo.
Sarah: Sério que não quer que eu fique?
Júlia: Sério! Te amo, mas vaza! - ela, a mãe e a Jés riram.
Jéssica: Que inveja da tua delicadeza, amiga! - gargalhei.
Sarah: Depois dessa sou praticamente obrigada a ir né...
Marcela: Já decidiram quando vocês vão?
Sarah: O Fê tava pensando em ir no dia 6, três dias antes do casamento, ficar até o dia 15 e depois ir para o Rio. - a família do Felipe é inteira de São Paulo e em todo o final de ano ele e a Sah ficam se revesando entre o Rio e lá.
Júlia: Esse ano ele vai passar o Natal com a gente?
Sarah: Vai! Agora que decidi que vou mesmo preciso avisar a ele pra comprar as passagens.
Júlia: Isso aí! - falei sorrindo. 
Marcela: Fala pra ele comprar logo, Sarah! Se deixar pra última hora vão correr o risco de não encontrar mais passagem pra esse dia, sabe como é final de ano né...
Sarah: Sei bem, vou falar pra ele comprar hoje ou amanhã sem falta.
Jéssica: A minha pro Rio já está comprada, mesmo que eu só poderei ir no dia 23. - disse imitando uma cara triste.
Marcela: Provavelmente vamos por volta dessa data também, Jéssica.
Sarah: Qual é a data da última audiência mesmo?
Júlia: Dia 15!
Marcela: Seu pai disse que acha melhor a gente viajar só no dia 17.
Júlia: Por que?
Marcela: Porque nos dá mais tranquilidade, caso aconteça algum imprevisto com o Juiz. O Dennis falou que isso não é algo impossível de acontecer.
Júlia: Ah, por mim tudo bem! - dei de ombros. Realmente não ligo pra isso. Só quero que o tempo passe rápido e que eu não tenha mais que ficar nervosa em casa dia que possue audiência.
Marcela: Sua tia de Porto Alegre vai passar o Natal com vocês no Rio esse ano, Jéssica? Ano passado ela não passou né?!
Jéssica: Foi, mas esse ano ela tá dizendo que conseguirá ir né. Se vai mesmo eu não sei, porque... - continuamos a conversar sobre esse e outros assuntos, algum tempo depois a Sarah precisou desligar a ligação pra voltar para o trabalho e a Jéssica achou melhor ir embora porque tinha um compromisso marcado. Eu e a mãe ainda ficamos pela área externa brincando com a Malu, que já tinha ficado satisfeita com os biscoitos e o chocolate, mas por volta das 16:30 o tempo começou a esfriar mais, então decidimos entrar.
Marcela: Deixa que eu faço, menina.
Júlia: Então vou subir para o quarto e estudar minhas consultas de amanhã. - respondi quando ela insistiu em lavar as xícaras e a tigela suja.
Marcela: Vai lá! Vou terminar aqui e adiantar as coisas da janta enquanto a Rosa não volta.
Júlia: Ok! Vamos, princesa... - chamei a Malu que segurou a minha mão e saímos da cozinha.
Malu: Pode ver desenho, mamãe?
Júlia: Pode, mas lá no quarto da mamãe, tá?
Malu: Tá! Pode pegar a Nina tabem?
Júlia: Onde ela está, no quarto de brinquedos?
Malu: Não, ela domiu junto com eu outo dia...
Júlia: Então está no seu quarto né?!
Malu: Xim!
Júlia: Então vamos parar lá pra pegar antes de ir para o meu quarto, ok? - ela assentiu, chegamos nas escadas e depois de subir, passamos lá no quarto dela, pegamos a boneca e fomos para o meu.
Malu: Eu quelo ver a Peppa! - disse subindo na minha cama com a Nina na mão. Peguei o controle da tv, liguei a mesma, conectei na Netflix e coloquei a porquinha. Deixei ela assistindo, fui para o banheiro, fiz xixi, lavei e sequei as mãos, voltei para o quarto, peguei meu notebook na escrevania, sentei na minha cama encostada na cabeceira, ao lado da Malu, liguei o notebook e entrei na pasta das minhas anotações de trabalho.


                                       (...)

Saí da minha concentração nos estudos com o toque do meu celular, que estava ao meu lado na cama. Peguei o mesmo observando a Malu completamente entretida com o desenho e a Nina, e quando olhei no visor vi que era o Júnior ligando por chamada normal e não por vídeo. Ué?!
Julia: Alô! - atendi na vibe curta e grossa. 
Júnior: Oi! Tá podendo falar agora? - perguntou sem demonstrar qualquer emoção pelo tom da voz. 
Júlia: A Malu está aqui do meu lado! Então pode falar sim, mas por que não ligou pelo face time hoje?
Júnior: Quero ter uma conversa rápida com você primeiro. - respondeu e eu arqueei uma sobrancelha. O que foi agora?
Júlia: Tá... bom! Pode falar.
Junior: Hoje cedo com a ajuda da Carol contei para o Davi sobre a Malu.
Júlia: Hum... - então essa era a outra questão que a Carol disse que eles conversaram. - E como foi?
Júnior: Melhor do que eu imagina, ele ficou todo eufórico querendo se encontrar com ela logo. - respondeu e apesar de ter continuado com o tom sério, consegui sentir sua felicidade com essa situação. 
Júlia: Que bom, então! - sorri imaginando o Davi desse jeito. - A Maria gosta bastante dele e também não vê a hora de encontrá-lo de novo.
Júnior: Então, contei para ele que iria ligar pra você para falar com a Malu, aí ele pediu pra participar e eu não consegui dizer não e nem vejo motivo pra negar isso. Ele está aqui comigo, então tem algum problema pra você?
Júlia: Não... tenho certeza que a Malu vai gostar! - respondi olhando para ela que estava falando alguma coisa sobre o desenho para a boneca.
Júnior: Tá, vou desligar e ligar pelo face time então. - só resmunguei um "Unhum" e encerramos a ligação. 
Júlia: Amor, o Júnior vai ligar agora. - falei para a Maria e a mesma já me olhou abrindo um sorriso.
Malu: Vai? - assenti.
Júlia: E ele tem uma surpresa pra você. - sorri.
Malu: O que, mamãe? - perguntou ingatiando mais pra perto de mim.
Júlia: Espera que ele vai te mostrar, tá bom? - ela assentiu e enquanto eu me inclinada para beijar sua bochecha o Júnior ligou. - Segura! - falei entregando o celular nas suas mãozinhas e depois aceitei a chamada por vídeo. 
Malu: DAVI! - exclamou alto e com uma expressão surpresa e feliz quando o Davi apareceu no visor com o Júnior sorrindo largamente atrás.
Davi: Oi, Malu! Eu sou seu imãozinho, sábia? - disse na mesma euforia da Malu e eu e o Júnior rimos.
Malu: Eu tabem sabe que voxê é meu imãozinho.
Davi: Eu quelia um imãozinho, mas a mamãe e o papai falou que imãzinha também é legal. - as crianças e suas sinceridade sem medida. - Nós vamo bincar junto toda hora!
Malu: Xim! Bincar de pincesa e píncipe...
Davi: Não, de dinossaulo!
Malu: Maisi eu quelo bincar de pincesa e pincipe. - disse já ficando com a cara emburrada.
Júlia: Vocês vão ter tempo pra brincar de várias coisas. - intervi antes que as coisas saíssem do controle. O Júnior assentiu concordando, mas não falou nada.
Davi: Então a gente binca de píncipe e pincesa e de dinossaulo, tá bom Malu?
Malu: Tá bom! - voltou a sorri e o Davi imitou. - Mamãe, é o Davi. Voxê tá vendo ele? - disse virando mais o celular pra mim.
Júlia: Tô vendo, meu amor. - respondi rindo. - Oi, Loirinho! Tudo bem?
Davi: Oi, titia Xúlia! Tô bem. Você sábia que eu sou o imão mais velho da Malu?
Júlia: Que tu era irmãozinho dela eu sábia, mas que é mais velho tô sabendo agora. Jura?! - menti fingindo surpresa e o Júnior riu.
Davi: Juro! Sou muito mais velho, minha mãe disse. - falou orgulhoso.
Júlia: Muito é?! - gargalhei. - Que bacana! Dizem que ser irmão mais velho é muito legal...
Malu: Eu quelo ser veia tabem! - exclamou um pouco brava e o Júnior gargalhou.
Júnior: Você vai ser, princesa! É só esperar passar mais ou menos 60 anos. - rimos da cara de felicidade que a Malu fez por saber disso. - Então, tava esperando ser notado por vocês dois aqui, mas percebi que se eu deixar isso nunca vai acontecer né?!
Davi: A gente tava falando que vamo bincar muito, pai.
Júnior: Eu sei, tava escutando tudo. Então primeiro vamos brincar de príncipe e princesa e depois de dinossauros, é isso?
Malu&Davi: É! - exclamaram ao mesmo tempo e depois riram. 
Júnior: Ok, mas depois teremos que brincar de futebol. Fechado? - disse com um sorriso gigante. "O Júnior sonhador, amigo, brincalhão, amável, companheiro e todas as outras características boas continua lá." A Cah está realmente certa? Esse Júnior ainda está lá dentro, mesmo que seja nas profundezas?!
Davi: Fechado!
Malu: Eu não sei bincar de bola, Xúninho!
Júnior: Tudo bem! Eu e o seu irmão vamos te ensinar, né Davi? - o Davi assentiu. - Tá bom, então?
Malu: Tá! - concordou sorrindo.
Júnior: O que tu estava fazendo antes de eu e o Davi ligar?
Malu: Vendo a Peppa com a Nina! Olha ela aqui... - disse pegando a boneca e colocando em frente a tela. 
Júnior: Ah, oi Nina! Como vai? - perguntou meio desconcertado e eu prendi o riso.
Malu: Ela disse que tá bem!
Júnior: Hum, que bom! O Davi ainda não conhece ela, apresenta pra ele. - dando risada baixinho e negando com a cabeça, deixei eles conversando e voltei a atenção para o meu notebook. 

                                        (...)

Davi: A gente vai ir ver ela quando, pai? - perguntou quando o Júnior avisou que estava na hora de encerrar a ligação porque teria que levá-lo para a casa da Carol. 
Júnior: Ainda não sei, mas prometo que será logo, logo. - levantei da cama para colocar o notebook de volta na escrevania, já que estava satisfeita com o estudo.
Malu: Não demola, Xúninho, puque eu quelo muito brincar com voxê e o Davi.
Júnior: Prometo que não vai demorar, princesa. Vou conversar com as mães de vocês pra resolver isso o mais rápido possível, ouviram?
Davi: Sim!
Malu: Xim!
Júnior: Então se despedem rapidinho pra encerrar a ligação.
Davi: Tchau, Malu!
Malu: Xau, Davi!
Júnior: Tchau, princesa! Amanhã eu ligo de novo, tá bom?
Malu: Tá bom, Xúninho!
Júnior: Beijo! - voltei pra perto da cama olhando a Malu jogando beijos pra ele e logo depois ela me entregou o celular já com a ligação encerrada.
Júlia: Vamos descer?
Malu: Vamo! - disse pegando a Nina e começando a descer da cama. Enquanto isso coloquei o celular no bolso, desliguei a tv, peguei a mão dela e saímos do meu quarto.
Júlia: E aí, gostou de falar com o Davi? - perguntei sorrindo enquanto caminhávamos pelo corredor.
Malu: Xim! Voxê viu, ele tabem gosta de ver a galinha pintadinha.
Júlia: É?!
Malu: É! Tabem gosta da tuma da Mônica, da... - fomos conversando sobre isso até a cozinha, já que não encontramos ninguém pela sala. 
Dennis: Olha só, chegou mais duas das minhas quatro meninas. - disse quando nos viu do banquinho da bancada, onde estava sentado. Ele e a a minha mãe, que tava concentrada na panela no fogão, eram os únicos na cozinha.
Júlia: Boa tarde, senhor Dennis!
Dennis: Boa tarde, senhoritas!
Malu: Oi, vovô! - soltou a minha mãe e chegou perto dele.
Dennis: Oi, minha princesa! - disse sorrindo e levando ela pra colocar sentada na sua frente no balcão. - Como foi o restante do seu dia depois que o vô saiu? - larguei eles conversando e fui pra perto da dona Marcela. 
Júlia: O que você está fazendo, senhora?
Marcela: Senhora é tua vó, menina! - disse dando um tapa leve no meu braço com a mão desocupada da colher que estava mexendo um molho vermelho na panela e eu ri. - Tô fazendo a janta.
Júlia: E a Rosinha, não voltou ainda?
Marcela: Ela ligou a alguns minutos pra avisar que voltaria mais tarde, pois iria passar na farmácia pra comprar algum remédio de dor porque estava com muita dor no corpo. Então falei pra ela ficar em casa mesmo e descansar pra ver se melhora.
Júlia: Ela disse qual é a intensidade da dor? - perguntei preocupada.
Marcela: Disse que era como pequenos encomodos espalhados pelo corpo.
Júlia: Deve ser espasmos musculares, mas depois você liga e pergunta se passou. Se não, diz pra ela procurar um médico por precaução né. - ela assentiu.
Dennis: Você sábia que essa pequena falou com o irmão hoje, Marcela? - perguntou chamando a atenção da gente e nós duas olhamos pra ele e a Malu. 
Marcela: Não, como assim? - me lançou um olhar curioso.
Júlia: O Júnior contou para o Davi sobre ela e agora à pouco quando ele ligou o Davi tava junto. - respondi pegando um copo e indo para a geladeira.
Marcela: E aí, como foi?
Dennis: A Malu disse que adorou.
Marcela: Sério, princesa?
Malu: Xim! - respondeu sorrindo. Enchi meu copo de água e bebi quase tudo em um gole só.
Marcela: Que bom! - sorriu.
Dennis: Sim, os pequenos não tem nada haver com essa história bagunçada né...
Júlia: Com certeza, eles são um ponto de paz perdido em meio a isso tudo. - falei passando água no copo e deixando o mesmo no escorredor. - Posso deixar a Malu aqui enquanto subo rapidinho pra tomar um banho?
Dennis: Nem precisa perguntar né, Júlia!
Marcela: Vou colocar esses dois pra me ajudar aqui com a janta daqui à pouco. - ri.
Júlia: Beleza então! Depois venho te buscar pra tomar o seu banho também, Maria. - falei passando por ela e o meu pai.
Malu: Tá, mamãe!
Marcela: Me conta sobre o que você conversou com o Davi, princesa! - saí da cozinha ouvindo a Malu falando, passei pela sala, subi as escadas indo direto para o quarto e depois para o closet. Escolhi um conjunto de moletom, como sempre, para vestir e depois de pegar minha toalha e roupa íntima fui para o banheiro. Me despi, entrei no box e liguei o chuveiro no modo quente. 
Quando me senti satisfeita e relaxada, saí, me sequei, passei meu creme corporal e me vesti, voltei para o closet, escovei o cabelo e prendi o mesmo no estilo rabo de cavalo, fui para o quarto, peguei meu celular e enquanto voltava para o andar de baixo entrei no insta pra zapiar pelo feed.


SanchezMarcela: Me sentindo muito chique por ter a @SanchezMalu como ajudante de cozinha hoje. Vovó ama essa princesa!

familysanchez: Aí, que lindas! 
sanchezsarah: Obrigada por me deixar morrendo de desejo, mãe.
vilma.soares: Meu netinho também ama me ajudar na cozinha haha
medeirosluara: Pede pra Júlia inscrever ela no master chefe, tia. 
fc_juliasz: Amo muito vcs!
fe_negrine: Aprendendo a cozinhar pra alimentar a Júlia quando você e a Rosa não tiverem em casa hahahaha
sanchezsarah: Hahaha @MedeirosLuara 
anjomalu: Sem condições pra essa princesa 
sanchezjú:
sanchezjú: Babaca @Fe_Negrine

Curti e comentei a foto que a minha mãe postou a 10 minutos atrás e cheguei na cozinha logo depois disso. 
Júlia: Então temos uma cozinheira mirim aqui nesta cozinha é?! - perguntei rindo e saindo do insta.
Marcela:
Temos sim! Uma ótima cozinha mirim, melhor que o vovô dela.
Dennis:
Que ofensa! - ela, eu e até a Malu demos risada da cara que ele fez.
Malu:
Eu ajudei a vovó a fazer comidinha, mamãe. - disse com um sorriso orgulhoso.
Júlia:
Eu vi, meu amor! Fez muito bem, parece estar muito gostoso. - respondi sorrindo também e chegando perto dela na bancada pra olhar o que eles aprontaram. - A mamãe já pode comer?
Malu: Huumm... - pensou um pouco antes de olhar pra avó. - Já tá na hola de papa, vovó?
Marcela:
Tá quase, mas ainda não! Diz pra sua mãe segurar essa fome e esperar um pouco mais. - riu.
Malu:
Espela um pouquinho, mamãe! Ainda não tá na hola, tá bom? - disse me olhando e eu fiz beicinho.
Júlia:
Tá bom, a mamãe vai esperar! - sorri. - Enquanto isso vamos subir pra tomar banho então?
Malu: Eu não quelo tomar banho hoje!
Dennis: Meu Deus, você quer ficar fedendo, princesa do vô?
Malu: Não, eu quelo ficar com cheilinho bom.
Júlia: Então têm que tomar banho, amor.
Malu: Maisi eu não quelo!
Dennis: O vovô vai tomar banho... - ficou em pé.
Marcela: A vovó também vai, vamos comigo? - disse secando as mãos molhadas em uma toalha e chegando perto da Malu.
Malu: Vai demola, vovó?
Marcela: Não, minha princesa!
Malu: E eu vou colocar meu pijama da Peppa depoix?
Marcela: Vai! - disse revirando os olhos e eu ri.
Malu:
Então eu vou tabem! - abriu os braços e a minha mãe pegou ela no colo.
Marcela:
Ui, você tá muito pesada pra pouca idade hein... - disse fazendo careta e a Malu riu. - Vai com o seu avô!
Dennis: Vem, princesa! Vamos pular na cama da vovó antes do banho. - pegou ela do colo da mamãe e saiu da cozinha fazendo gracinhas pra Malu rir.
Júlia:
Melhor já entrar na internet pra comprar outra cama.
Marcela: Verdade! - rimos. - Enquanto tô lá em cima, coloca a mesa pra mim. - assenti vendo ela sair e depois comecei a fazer o que ela pediu. Quando terminei 5 minutos depois, fui para a sala, liguei a tv em um talkshow aleatório e sentei no sofá com o celular na mão pra olhar as mensagens que estavam chegando no grupo do pessoal daqui de Madrid no whats (mesmo esquema do idioma).



Continuei conversando com eles sobre esse e outros assuntos até a minha mãe descer junto com a Malu dizendo que o meu pai ficou tomando banho. Eu e ela ficamos conversando e entretendo a Malu enquanto ele não descia e quando isso aconteceu fomos pra sala de jantar.

                                     (...)

O assunto do jantar foi basicamente a questão da audiência em que minha mãe irá testemunhar, intercalado com conversas aleatórias com a Malu. 
Ainda ficamos um bom tempo na sala mesmo depois que terminamos de comer, mas depois todos nós subimos, meus pais foram para o quarto deles e eu só fui para o meu quando consegui fazer a Malu dormir com muita luta na cama dela. 
Antes de dormir, ainda fiquei pensando sobre o patamar em que minha vida chegou e as possibilidades que o futura guarda para mim.



By Vic:

Oi para vocês que não desistiram de mim e dessa história apesar do quanto esse capítulo demorou. ♡
Eu disse que não iria parar com a fic (repetindo: pq tenho muitas idéias para ela) e não parei, meninas. 
Eu avisei que iria ficar mais difícil para escrever e postar e foi exatamente isso que aconteceu. 
É só ter paciência e eu prometo que se algum dia decidir parar aviso à vocês. 
Espero que gostem do capítulo, que foi escrito com muita luta e carinho. ♡

sexta-feira, 22 de março de 2019

Capítulo 17 -"Talvez a Júlia do passado e essa de agora não tenha mudado tanto assim."

(Recado Importante no Final.)

Quinta, Novembro de 2014

Malu: Mamãe, isso é para o dodói? - perguntou me mostrando o curativo quando voltei para a sala. 
Júlia: É sim, amor! O dodói vai sarar rapidinho e você nem vai notar. - sentei no sofá perto dela. 
Malu: Eu quelo outo desenho da Peppa igual esse aqui.
Júlia: Mas você não tem outro dodói! - tirei meu celular do bolso. 
Malu: Masi eu quelo sem ter dodói...
Júlia: Tá! A mamãe vai comprar pra deixar guardado e se algum dia você tiver outro dodói a gente coloca pra curar rapidinho, tá bom?
Malu: Tá bom! - voltou a prestar atenção no desenho. Desbloqueei o celular e entrei no insta pra postar uma das mil fotos que tirei dela mais cedo. 



SanchezJú: Sim, a Nina também estava com fome, pessoal hahahaha ♡ @SanchezMalu

sanchezsarah: Meu Deus, não tenho estrutura pra essa menina haha
babymalu: Nova integrante da familia.
cacaparra: O titio aqui também tá, cadê meu rango?
familysanchez: Que fofura ♡
sanchezju: Haha Nina Sanchez @BabyMalu
booenzueta: Aaah para! Vontade de apertar ♡
lia.silva: Sua filha é muito linda!
neymarzetes: O Neymar curtiu mano
foreverjulia: Eu amo essa princesa hahaha
njrfc: Como assim? Bem aleatório ele hein @Neymarzetes 
sophia_medeiros: Saudades dessa pequena!
elensouza: Igual a minha filha, trata a boneca como se fosse gente hahahaha
tudopornjr: Já descurtiu @Neymarzetes 


 O que o Júnior tem na cabeça pra curtir essa foto?! Um caos com as fãs loucas dele e com a mídia é a última coisa que a gente precisa agora. Ainda bem que ele voltou atrás e eu espero que com isso elas esquecem essa história de curtida. Saí do insta rezando para que isso aconteça e entrei no whats para responder a mensagem do meu pai que tinha chegado. 


Aproveitei para responder uma mensagem da Sarah também, contei a ela sobre o exame, depois deixei o celular de lado e fiquei assistindo desenhos com a Malu até a Rosa chegar junto com a minha mãe cheias de compras. 
Júlia: Ué, combinaram de chegar juntas?
Marcela: Pior que não, nos encontramos agora na entrada. - disse rindo colocando as sacolas no chão. - Oi, princesa da vovó!
Malu: Oi, vovó! Olha meu dodói da Peppa. - mostrou o dedo e minha mãe chegou perto pra olhar.
Marcela: Ai meu Deus, fizeram dodói em você? - a Malu assentiu e ela beijou o dedo dela. - Tadinha!
Malu: Maisi não doeu, vovó! Foi lapidinho e depoix a moça colocou esse... - fez uma pausa tentando lembrar o nome.
Júlia: Curativo...
Malu: É! Esse culativo da Peppa pra não ficar doendo.
Marcela: Que bom que não doeu então! - riu.
Malu: A mamãe disse que vai compar um montão desse pra colocar nos meus outo dodói.
Rosa: Já sei que minha próxima compra é na farmácia... - rimos. 
Júlia: Só você pra salvar, Rosinha. - levantei do sofá. - Vou te ajudar com essas compras e aproveitar pra comer algo.
Marcela: Não almoçou, Júlia?
Júlia: Não, tava dormindo e logo depois tive que atender o pessoal do laboratório.
Marcela: Me conta depois e vê se come algo agora. Vou subir com a Malu para o meu quarto! - assenti, peguei as sacolas que ela tinha deixado no chão e levei tudo junto com a Rosa pra cozinha. 
Rosa: Pode colocar em cima do balcão, Júlinha. - fiz o que ela pediu. - Quer que eu faça algo pra você comer?
Júlia: Precisa não, meu amor! Me viro com o que você fez para o almoço.
Rosa: Tá, então vou arrumar essas coisas na dispensa. - assenti e enquanto ela começava a fazer isso, fui olhar nas panelas e resolvi comer um pouco de arroz, salada e filé de frango. Depois de me servir, sentei na mesa e enquanto comia fiquei conversando com ela até meu celular tocar. 
Júlia: Hey, americano! - falei atendendo depois que vi que era o Pedro.
Pedro: Oi, linda! Tá ocupada?
Júlia: Mais ou menos... Tô comendo, mas dá pra falar desde que você entenda que a comida tem prioridade. - rimos.
Pedro: Posso conviver com isso! Pensei que ia te encontrar dormindo.
Júlia: Queria, porém tive coisas pra fazer agora à tarde. Você já saiu da agência?
Pedro: Sim, mas tenho uma sessão de fotos particular em uma festa de noivado à noite.
Júlia: O fotógrafo pode comer nessas festas?
Pedro: Na maioria das vezes, sim. - riu.
Júlia: Se delicia-se por mim então!
Pedro: Pode deixar! - rimos. - Por que você encerrou o plantão mais tarde hoje? Tava ansioso pra ser seu motorista cara.
Júlia: Apareceu uma vítima que sofreu um acidente de carro e precisava passar por uma cirurgia de urgência. Foi de última hora, tava quase perto do meu horário de saída.
Pedro: E correu tudo bem na cirurgia?
Júlia: Sim, deu tudo certo!
Pedro: Que bom!
Júlia: Sobre sua ansiedade, pode esperar que vão surgir outras oportunidades pra você ser meu motorista particular.
Pedro: Mal posso esperar por isso. - rimos. - E aí, vai ter rolê nesse fim de semana?
Júlia: Até agora não tô sabendo de nada, mas não dúvido que tenha algo. Tu conhece nosso maravilhoso bonde né?! Só tem bagaceiros! - rimos.
Pedro: Conheço bem! Balada no meio da semana e no fim é totalmente a linha do Marcelo, Alex e Dani. Capaz deles decidirem algo em cima da hora!
Júlia: Sim, mas dessa vez eu tô fora. Não tenho disposição para curtir dois rolê na mesma semana e muito menos depois de enfrentar um plantão ainda. Vou ficar quietinha no meu canto descansando!
Pedro: Tá certa! Também não tenho certeza se irei porque cheguei de viagem e ainda nem tive tempo de descansar perfeitamente. Além disso, essas últimas semanas antes do recesso de fim do ano vão ser puxadas lá na agência.
Júlia: Nem me fale, lá no hospital também. - suspirei. 
Pedro: Sorte e disposição pra nós! - rimos. - Óh, vou deixar tu comer em paz! Outra hora te ligo, Ok?
Júlia: Tá bom! Beijos, Americano!
Pedro: Beijo, linda! - desligamos.

                                        (...)

 Por volta das quatro horas a Jéssica chegou, dizendo que o cara da obra no ape dela disse que termina no sábado, depois meu pai também chegou e eu contei para eles e a minha mãe sobre como foi com o pessoal do laboratório. O Júnior ligou pra falar com a Malu, como todos os dias, e ela aproveitou pra mostrar o dodói. No finzinho de tarde eu e a Jéssica a levamos no parque e só voltamos perto da hora do jantar.   



A Week Later

Na sexta fui para o trabalho e depois passei o restante do dia em casa com a Malu e a Jéssica, já que meus pais resolveram tirar um tempinho só para eles. No sábado passamos quase o dia todo passeando pelos nossos pontos turísticos favoritos da cidade e no final do dia a Jéssica voltou para o apartamento dela. No domingo o tempo esfriou bastante e eu e a Malu passamos o dia de baixo das cobertas na minha cama assistindo filmes e comendo pipocas e doces. Segunda e terça passou voando, comigo cheia de coisas pra fazer no hospital. E por fim chegou a quarta, dia da audiência, e eu e o meu pai fomos para Barcelona pela manhã. 

Quarta, Novembro de 2014


Neymar Jr. ON

Hoje é o dia da audiência e vamos saber o resultado do teste de DNA. Acordei essa manhã com o meu pai me acordando e me fazendo ficar ansioso e preocupado logo nos primeiros momentos do dia. Não, eu não estou ansioso e preocupado em relação a isso. Já disse que não tenho nenhuma dúvida sobre a paternidade da Malu, então estou bem tranquilo quanto a isso. Meu nervosismo é só pelo fato que hoje é o dia que começa definitivamente minha luta pelo que foi negado a mim por anos. O direito de conviver com a minha filha. Confesso que às vezes me vem uns questionamentos sobre se o que eu estou fazendo é realmente o certo ou necessário. Mas aí lembro que passei bastante tempo sem saber da existência da minha filha e o Cabeça vive me ensentivando a seguir em frente. Então, por conta de tudo isso, tenho força e vontade para continuar. 
Conversei com a Malu em todos os dias que passaram e meu desejo de ve-la toda hora pessoalmente só cresce. Até pensei em pedir a Júlia para trazer ela hoje para Barcelona só pra gente se ver um pouquinho que seja, mas achei melhor não fazer isso. Primeiro porque não quero envolver ela no meio dessa loucura de audiências e segundo porque suspeitei que a Júlia não iria aceitar. E já que ela ainda não é obrigada a me deixar ver a Malu, não tenho o que fazer. Infelizmente! 
Neymar pai: Júninho, se não sair agora vai chegar atrasado hein. - gritou da sala.
Júnior: Já tô indo, calma ae... - gritei da cozinha e beijei o rosto da minha mãe. - Tchau, mamãe! Até depois com boas notícias, se Deus quiser.
Nadine: Deus te abençoe, meu amor. - sorriu fraco e eu saí indo para sala.
Júnior: Pronto! Cadê o Big?
Gil: Já está no carro te esperando. - disse ao lado do Jota e meu pai. 
Neymar pai: Tem certeza que não quer que eu vou?
Júnior: Tenho, Cabeça. É desnecessário, assim como da outra vez. - ri e nos abraçamos. 
Neymar pai: Tá bom! Vou manter contato com você e o Eduardo. - assenti e o Gil e o Jota me abraçaram também. 
Jota: Vai dar tudo certo, major.
Júnior: Tomara! Vejo vocês depois... - fui para a saída, vi o carro com o Big estacionado na frente de casa e entrei já colocando o cinto. - Partiu, Big Black?
Big: Vamos lá... - deu partida.
Chegamos no Tribunal de Barcelona 10 minutos depois. Me despedi do Big no estacionamento, entrei no prédio e encontrei com o meu advogado em frente a sala do Juiz. 
Júnior: Bom Dia, Eduardo!
Eduardo: Bom Dia, Júnior! - nos cumprimentamos com um abraço rápido. - Tá tranquilo?
Júnior: Mais ou menos! E você, está preparado né?
Eduardo: Estou sim, fica tranquilo. É aquele mesmo esquema da primeira vez, só responde o que o Juiz perguntar e for necessário. O resto deixa comigo! - assenti. - A senhorita Júlia e o advogado acabou de chegar. - disse olhando atrás de mim e eu me virei. Puta merda, é tão difícil querer odiar com todas as forças uma pessoa e não conseguir porque quando a vê só consegue admirar a beleza dela e lembrar de todos os momentos bons que tiveram juntos. 
Dennis: Bom Dia! - o pai dela disse pra mim e o Eduardo, mas deu pra perceber que foi só por educação. 
Eduardo: Bom Dia!
Júnior: Bom Dia, senhor! - falei sério e olhei para a Júlia que estava visivelmente querendo me ignorar. - Bom Dia, Júlia! Como está a Maria Luíza?
Júlia: Bom Dia! Ela está bem, valeu por perguntar. - respondeu me olhando, depois virou para o pai e os dois começaram a conversar em um tom baixo. Odeio quando ela usa as palavras para me fazer sentir como se não fosse minha obrigação saber das coisas da nossa filha. Me agradecer por querer saber do bem estar da Malu?! Eu me importo com a minha filha e não preciso ser agradecido por fazer isso. 
Xxx: Bom dia à todos! - a porta da sala abriu e quando olhei vi que era o Carlos, o mesmo cara que auxiliou a primeira reunião. 
Todos nós: Bom Dia!
Carlos: Tô vendo que dessa vez estão todos aqui, então vamos entrar. - seguimos ele para dentro e ocupamos os mesmos lugares da primeira reunião. Assim que ficamos acomodados o Juiz Paulo entrou e nos cumprimentou. 
Juiz Paulo: Bem, estamos todos aqui mais uma vez para dar continuidade ao processo de guarda da menor Maria Luíza Medeiros Sanchez. - olhou alguns papéis que estavam em sua mesa e pegou um envelope. - Tenho aqui em minhas mãos o resultado do teste de DNA feito pela menor Maria Luíza Medeiros Sanchez e pelo o senhor Neymar da Silva Santos Júnior. Todos prontos para saber o resultado?
Júlia: Sim! - olhei para ela e a mesma aparentava estar tranquila e sem nenhum vestígio de apreensão no rosto. 
Júnior: Sim! - repeti sua resposta com convicção e o Juiz começou a abrir o envelope. 
Juiz Paulo: O resultado do exame constatou que o senhor Neymar da Silva Santos Júnior têm chances superiores a 99,99% de ser o pai biológico da menor Maria Luíza Medeiros Sanchez, cujo a mãe é a senhorita Júlia Medeiros Sanchez. - disse lendo o papel e eu sorri quando ele terminou. Eu já sábia, mas não tem como não ficar feliz com esse resultado. 
Eduardo: Parabéns, Júninho! - disse batendo de leve no meu ombro.
Júnior: Obrigado! - respondi ainda sorrindo, olhei para a Júlia e apesar dela estar olhando para o Juiz Paulo percebi um pequeno e quase inexistente sorriso nos lábios dela. Já o pai dela permaneceu completamente sério olhando para alguns papéis em sua frente. 
Juiz Paulo: Vocês querem dar uma olhada? - todos nós assentimos, menos a Júlia. Ele entregou primeiro para o Eduardo e eu, que olhamos por alguns minutos e depois o Eduardo entregou para o pai da Júlia. Ela até deu uma olhada, mas foi super rápida e o pai dela que analisou por algum tempo antes de entregar de volta para o Juiz. - Com base nesse resultado e conforme a lei manda, irei entrar com o pedido de anulação da certidão de nascimento atual da menor Maria Luíza Medeiros Sanchez e substituir por uma nova que incluirá o sobrenome do senhor Neymar da Silva Santos Júnior. Todos de acordo com essa decisão? - assentimos. Claro que estou de acordo! Não há nada que me deixe mais orgulhoso do que ver o meu sobrenome no nome completo da minha filha.
 Juiz Paulo: Agora que já resolvemos essa questão, vamos dar continuidade ao processo de guarda da menor Maria Luíza. - respirei fundo e observei que a Júlia não estava tão tranquila como antes. - Antes de tudo, é o meu dever perguntar se há alguma chance das duas partes entrarem em um consenso e optarem pela guarda compartilhada? - perguntou e o Eduardo olhou para mim.
Eduardo: Vamos manter o combinado? - me perguntou com um tom baixo. Olhei para a Júlia e a encontrei olhando para mim junto com o pai, como se tivesse esperando minha resposta. A guarda compartilhada da Malu não seria ruim, mas eu quero e tenho o direito de ter mais. Eu e a minha família merecemos isso! Porém, sei que a Júlia está sofrendo com tudo isso e também sei que a nossa filha também vai sofrer. Eu preciso realmente disso?! "Você têm que parar de pensar nos outros e começar a pensar em ti e em tudo que foi negado a você." Lembrei de uma das mil frases que o meu pai me disse sobre isso. Ele tem razão, não têm?! Eu também vou sofrer se não conseguir repor todos os momentos perdidos com a minha filha. E isso será mais fácil se eu conseguir passar todos os momentos possíveis com ela. Não vou abrir mão disso!
Júnior: Vamos manter! - respondi para o meu advogado no mesmo tom dele e o mesmo assentiu.
Eduardo: Meu cliente não considera outra opção se não a guarda unilateral, senhor Juiz. - disse em voz alta e o Juiz olhou para a Júlia e o advogado. 
Dennis: Minha cliente não abrirar mão da tutela de sua filha, senhor Juiz. - respondeu com convicção, enquanto a Júlia estava séria olhando para o Juiz.
Juiz Paulo: Posso saber o motivo dessas decisões?
Dennis: Senhor Juiz, na verdade, minha cliente queria optar pela guarda compartilhada desde o início. Na opinião dela essa opção seria a melhor para todos os envolvidos, principalmente para a menor Maria Luíza. - respondeu e antes de continuar olhou para mim por alguns segundos. - Mas como o senhor Neymar Jr. entrou com o pedido da guarda unilateral, sem ao menos procurar a senhorita Júlia para conversar, ela decidiu que não iria desisti da tutela de sua filha.
Juiz Paulo: E por que o senhor Neymar Jr. optou pela guarda unilateral, já que a outra parte queria aceitar a guarda compartilhada?
Eduardo: Meu cliente teve grandes motivos para tomar tal decisão, senhor Juiz.
Juiz Paulo: Quais seriam?
Eduardo: Bom, como já te informamos na primeira reunião, a senhorita Júlia Sanchez negou ao meu cliente o direito de fazer parte da vida da menor Maria Luíza por mais ou menos 3 anos. Na opinião dele, a guarda unilateral da menor seria a melhor opção para tentar recuperar o tempo perdido entre os dois, visto que o fato da senhorita Júlia viver com a Maria Luíza em outra cidade dificultaria essa questão se a guarda fosse compartilhada.
Juiz Paulo: Uma possível mudança de moradia não poderia ser uma questão viavél para uma das duas partes?
Eduardo: Infelizmente, para o meu cliente não seria possível por causa de questões profissionais, senhor Juiz.
Juiz Paulo: E para a senhorita Júlia Sanchez? - perguntou olhando para o advogado da Júlia que já estava conversando com ela em um tom baixo. 
Dennis: Haveria algumas dificuldades para minha cliente por questões profissionais também, senhor Juiz, mas ela não descartaria essa possibilidade se fosse para o bem da Maria Luíza. - respondeu e eu olhei um pouco surpreso pra Júlia. Nunca imaginaria que ela considera-se fazer isso. 
Juiz Paulo: Então, mesmo assim o senhor Neymar Jr. não optaria pela guarda compartilhada? - o Eduardo olhou para mim, mas logo se voltou para o Juiz porque eu, ele e o meu pai já tínhamos discutido essa questão dos motivos. 
Eduardo: Não, senhor Juiz. - respondeu e eu observei que a Júlia revirou os olhos e o pai dela se inclinou para falar algo que eu não entendi. - Como eu estava falando antes, meu cliente tem vários motivos. O outro seria o fato de que a senhorita Júlia Sanchez insiste nessa história que o pai do meu cliente a ameaçou para que não contasse sobre a existência da filha dele.
Júlia: Insisto porque é verdade! - disse me olhando duramente.
Júnior: A sua verdade né? - rebati a olhando do mesmo jeito.
Júlia: Não, a única verdade que existe porque aquele cretino que você chama de pai só diz mentiras. E tu, como um patinho, caí.
Dennis: Júlia!
Júnior: Ata, porque eu devia acreditar em você, que mal conheço, em vez do meu pai que convive comigo desde sempre né?!
Júlia: Se toca cara! Só porque você conhece uma pessoa não quer dizer que tem que confiar nela cegamente. Você nem considera a possibilidade de ser tudo verdade e ele não ser quem você pensa.
Juiz Paulo: Tudo bem! - disse alto chamando a atenção de todos nós. - Não tem nenhuma condição de prosseguir com essa audiência desse jeito. Então, vou pedir uma pausa de cinco minutos e espero que vocês dois usem esse tempo para retomar a calma ou serei obrigado a encerrar agora essa reunião. Senhor Dennis, acompanhe a sua cliente até lá fora para que ela possa tomar um pouco de água e acalmar os ânimos, por favor.
Dennis: Sim, senhor Juiz. - levantou da cadeira com a mão na cintura da Júlia que levantou também, mas antes de sair olhou para mim.
Júlia: Só uma última coisa, você vai se arrepender de tudo que está fazendo para a nossa filha e eu espero que não seja tarde de mais. - disse e saiu da sala logo depois acompanhada pelo pai. Respira fundo, Júnior. Respira fundo! 
Juiz Paulo: Senhor Eduardo, espero que você faça o mesmo com o seu cliente. Volto daqui alguns minutos para tentar continuar com essa audiência. - meu advogado assentiu e ele entrou na sala ao lado da nossa. 
Eduardo: Você têm que manter a calma, Júnior. Por enquanto está tudo indo bem para nós e precisamos seguir nesse ritmo.
Júnior: Você viu que ela começou tudo isso, Eduardo. Ela me tira do sério quando insiste nessa história maluca sobre o meu pai. - suspirei passando as mãos no rosto.
Eduardo: Eu sei, mas já parou pra pensar que pode ser exatamente isso que ela quer? Você descontrolado é ótimo para o lado deles.
Júnior: É, você tem razão. Vou tentar ignorar essas mentiras delas daqui pra frente, pelo menos na frente do Juiz.
Eduardo: É o melhor que tu faz! Deixa essas discussões para fora dessa sala e te garanto que vai ser um grande passo para a nossa Vitória. Só mostrará para o Juiz que você é uma pessoa bastante controlada para ser responsável com a sua filha. - assenti. Ele tem razão, tenho que mostrar para o Juiz em todas oportunidades que mereço e sou capaz de ser responsável pela Malu. Pra isso só tenho que ignorar as mentiras da Júlia. Não vai ser fácil ouvir ela dizendo coisas horríveis do meu pai, mas pela Malu eu consigo. Sobre o que ela disse por último, não acho que eu estou fazendo tão mal pra minha filha assim. Ela irá entender quando isso tudo chegar ao fim e eu conversar com ela quando estiver maior. A Júlia e o pai voltaram para a sala e os dois ocuparam de novo os lugares ignorando totalmente eu e o Eduardo. Nós quatro mantivemos o silêncio até o Juiz Paulo voltar.
Juiz Paulo: Bom, pelo o que eu vi, a opção da guarda compartilhada não será possível para esse caso. Então, vamos seguir em frente para no final conseguir chegar na melhor decisão para a menor Maria Luíza Medeiros Sanchez. Pensando justamente nisso, vamos para a próxima etapa dessa reunião que é avaliar a condição física e financeira das duas partes. Vocês devem saber que criar uma criança não é uma questão fácil. Exige muito do nosso preparo físico e financeiro. Peço que os advogados presentes entreguem o formulário disponibizado para as duas partes com informações necessárias para o seguimento do processo. - o Eduardo e o pai da Júlia entregaram a ele que escolheu um para avaliar primeiro. 
        
                                    (...)

Passamos os próximos 30 minutos confirmando e dando detalhes sobre as nossas informações contidas no formulário. Coisas do tipo: Profissão, carga horária de trabalho, moradia, indivíduos que convivem juntos e etc. 
Juiz Paulo: Antes de encerrar está reunião, preciso passar algumas informações à vocês. Estamos no fim do ano e o Tribunal irá entrar em recesso. Por isso, decidi antecipar quase todas as audiências para o bem das duas partes e para a menor. Então, marquei para as duas próximas semanas as audiências com a presença das testemunhas.
Dennis: Já decidiu quais vão ser as testemunhas?
Juiz Paulo: Baseado nessas informações que vocês me passaram, decidi convocar a senhora Marcela Medeiros Sanchez para depor no lado da senhorita Júlia, dia 08, e o senhor Neymar da Silva Santos para depor no lado do senhor Neymar Júnior, dia 15.
Eduardo: Poderá ter outros participantes nessas audiências?
Juiz Paulo: Não, manteremos as reuniões privadas e com a presença somente de quem é realmente necessário. - o Eduardo assentiu. - Outra questão que preciso informar, principalmente para a senhorita Júlia, é que irei marcar uma visita domiciliar de uma assistente social em sua casa para amanhã.
Dennis: Em um horário específico?
Juiz Paulo: Deixo a escolha de vocês. Qual seria o melhor horário?
Júlia: Ficaria melhor para mim se fosse no final da tarde por causa do meu trabalho. - respondeu com os braços apoiados na mesa e olhando para o Juiz Paulo. 
Juiz Paulo: Entendi! Por volta das 16:30 então? - a Júlia concordou. - Essa visitação será com o intuito de avaliar o dia-dia da menor Maria Luíza e o convívio dela com a senhorita. Por isso, é indispensável a presença de vocês duas no momento, tudo bem?
Júlia: Sim! - a observei e me pareceu que ela estava tentando esconder o nervosismo.
Juiz Paulo: Bom, por enquanto isso é tudo. Algum de vocês têm algo a perguntar?
Júnior: Eu tenho! - exclamei alto e tanto ele quanto a Júlia, o pai dela e o Eduardo me olharam. 
Juiz Paulo: Pode perguntar...
Júnior: Quero saber como vai ficar minha situação com a minha filha enquanto estamos nesse processo. Não tenho o direito de vê-la agora que já ficou comprovado que sou o pai? - ouvi a Júlia suspirar, mas preferi ignorar. 
Juiz Paulo: Bom ponto, senhor Neymar Jr. Sim, agora que o resultado do exame já saiu e comprovou sua paternidade, o senhor têm o direito à visitações para a menor, enquanto não chegamos a uma decisão definitiva nesse processo. - respondeu e eu respirei aliviado. Graças à Deus! Não aguento mais ficar sem ver a Malu. - Não podemos esquecer que a criança em questão é muito jovem e uma transformação radical em sua rotina não seria uma boa opção. Então, preciso de um consenso entre as duas partes para decidir a melhor opção para a Maria Luíza. Por esse mesmo motivo, vamos manter essas visitações na presença da senhorita Júlia Sanchez para que não haja nenhum tipo de desconforto para a menor.
Júnior: Por mim tudo bem! - ao contrário do que a Júlia pensa, não quero causar nenhum mal para a nossa filha. 
Eduardo: Por questões profissionais, meu cliente não dispõe de uma agenda regular e por isso devemos entrar em um consenso para decidir um período de visitação que seja bom para ele também.
Juiz Paulo: Entendi! E você, senhorita Júlia Sanchez? Algum empecilho também?
Júlia: Sim! Como eu já disse, um bom período para mim seria no fim de tarde ou nos finais de semana. Também tenho tempo livre na minha folga que, infelizmente, é em dias aleatórios.
Juiz Paulo: Qual seria a melhor opção para você, senhor Neymar Jr.?
Júnior: Finais de semana, desde que não tenha nenhum jogo marcado, e nas folgas.
Juiz Paulo: Ok! Então vamos manter essas primeiras visitações uma vez por semana. A princípio, elas serão em um dia do final de semana e quando o senhor Neymar não estiver disponível elas passaram para o dia de folga da senhorita Júlia. Todos de acordo? - eu e a Júlia assentimos. - Peço que o senhor Neymar Jr. ou seu advogado informe com antecedência a senhorita Júlia ou o senhor Dennis sobre essas possíveis mudanças de dias que podem acontecer.
Eduardo: Pode deixar, senhor Juiz.
Dennis: Quanto vai ser o tempo dessas visitações?
Juiz Paulo: Creio que 2 horas de duração é um bom tempo, pelo menos por agora. - respondeu. Não é o tempo que eu queria, mas posso aguentar porque tenho fé que vai ser por pouco tempo. - Mais algum assunto para resolver agora?
Júnior: O senhor sabe que as comemorações de fim do ano estão chegando e agora que eu tenho o direito de ver a minha filha, quero muito passar o dia do Natal junto com ela em minha casa e...
Júlia: O que? Claro que não, tá maluco? - exclamou me interrompendo
Juiz Paulo: Senhorita Júlia, por favor, vamos manter a calma.
Júlia: Desculpa, senhor Juiz, mas essa exigência dele é ridícula! O senhor acabou de falar que não é bom fazer uma mudança radical na vida da Maria Luíza por agora. Você não acha que esse pedido dele é justamente isso? - disse me olhando com raiva.
Júnior: Eu tenho tanto direito quanto você. O que é um Natal em visto de muitos que você me privou de ter com ela?! - respondi tentando manter a calma. 
Juiz Paulo: Silêncio vocês dois! Vamos discutir essa questão com calma, por favor. - eu e a Júlia ficamos nos encarando em silêncio. - O senhor Neymar Jr. têm razão, senhorita Júlia. Ele tem o direito de passar alguns dos feriados comemorativos com a filha de vocês agora que foi comprovado a paternidade.
Júlia: Tá, mas como fica a minha filha...
Júnior: Nossa! - a interrompi e se olhar mata-se com certeza eu morreria com o dela. 
Júlia: Como fica a MINHA filha com essa mudança drásticas na rotina dela do nada? Ela é acostumada a passar o Natal comigo.
Juiz Paulo: Eu sei, senhorita Júlia. Por isso, creio que qualquer encontro do senhor Neymar Jr. com a menor tem que ser feito na sua presença, como já disse antes. No caso desse pedido, essa regra não seria diferente.
Júnior: Não me importo se a senhorita Júlia for junto com a Maria Luíza. Desde que eu consiga passar esse tempo com a minha filha, está tudo bem pra mim. - respondi com sinceridade. Realmente não me importo! Se esse é o único jeito de poder passar o Natal pela primeira vez com a Malu junto com a minha família, está tudo bem. Porém, tenho certeza que a Júlia não está gostando nem um pouco dessa possibilidade. E pra falar a verdade, não me importo. 
Júlia: Isso é completamente sem cabimento. Um pedido desse totalmente em cima da hora não vai fazer bem para ninguém. - disse com um tom calmo, mas com uma pontada de indignação. 
Dennis: Não seria melhor refletir por algum tempo antes de tomar qualquer decisão, senhor Juiz? - perguntou sério. 
Juiz Paulo: Certamente, senhor Dennis. Vou pensar mais sobre essa questão ao longo dessas duas semanas e quando chegar a uma decisão comunico a vocês. - eu concordei e a Júlia suspirou. - Podemos encerrar essa audiência agora? - todos confirmamos, menos a Júlia que permaneceu em silêncio com uma expressão meio aéria. 
Juiz Paulo: Bom, nos vemos na próxima audiência com a presença da primeira testemunha. Um ótimo dia à todos! - cumprimentou todos nós. A Júlia e o pai foram os primeiros a sair como da última vez, só que a diferença foi que quando eu e o Eduardo chegamos no estacionamento já não tinha nenhum sinal deles por lá. 
Eduardo: Mandou muito bem hoje, Júninho. Vamos manter nessa direção! - disse quando paramos ao lado do carro que o Big estava me esperando dentro.
Júnior: Tu acha que o Juiz Paulo aceitará meu pedido?
Eduardo: Não tem nada que impeça dele aceitar, então tem grandes possibilidades. Vamos manter o pensamento positivo, Ok?
Júnior: Beleza!
Eduardo: Está no meu horário, preciso ir. Diz ao seu pai que ligo mais tarde para agendar uma reunião com ele e você antes da próxima audiência. - assenti e nos despedimos. Entrei no carro e o Big deu partida.

                                       (...)

Encontrei somente meu pai junto com o Gil na sala de tv quando cheguei em casa.
Júnior: Cheguei hein... - falei enquanto entrava na sala e eles me olharam.
Gil: E aí, major!
Neymar pai: Qual foi o resultado do exame? - perguntou com um tom meio ansioso.
Júnior: Eu estava certo, porra. Deu positivo! - falei sorrindo e o Gil levantou para me abraçar.
Gil: Parabéns mais uma vez, moleque! Agora é oficialmente pai de dois pirralhos. - rimos.
Neymar pai: Então podemos seguir em frente e derrotar a mãe dela nesse processo.
Júnior: Isso é o de menos, Cabeça. - sentei em uma poltrona de frente para eles. - O mais importante no final disso tudo é a possibilidade de eu conseguir passar todos os momentos possíveis ao lado da minha filha.
Neymar pai: Isso também! Como foi no restante da audiência?
Júnior: O Eduardo disse que fomos bem, apesar de ter rolado mais uma discussão entre a Júlia e eu. - sentei em uma poltrona de frente para os dois.
Neymar pai: Essa menina não cansa não? Tu tem que aprender a ignora-la, Júninho. Deixa que nossa resposta ela terá no final.
Júnior: O Eduardo falou a mesma coisa, mas é difícil ouvir as mentiras dela e ficar quieto. - suspirei.
Gil: Ela ainda insiste na história do Neymarzão?
Júnior: Sim! Hoje na hora que o Juiz perguntou se tinha a chance de optar pela guarda compartilhada... - contei tudo para eles até sobre a mudança da certidão da Malu, o esquema das minhas visitações, meu pedido sobre o Natal e etc. - O Eduardo acha que ele vai aceitar meu pedido, mas eu não tenho certeza disso.
Gil: Caralho, se ele aceitar a Júlia vai ter que passar o Natal junto com a gente? - assenti.
Júnior: Na verdade eu não me importo com isso, só quero poder passar o Natal com a Malu e o Davi juntos. - sorri. - O que você acha sobre isso, pai?
Neymar pai: Por mim tanto faz. Ela mantendo distância de mim e sem insistir nessa história mentirosa na frente da nossa família e amigos, está tudo bem.
Gil: Nossa, quem vai ficar em uma situação difícil é ela né?!
Neymar pai: Vai arca com as consequências! - riu. Vou ser mais odiado do que já sou por ela se o Juiz Paulo concordar com isso. - Você disse que o Juiz marcou uma visita da assistente social na casa dela amanhã?
Júnior: Marcou! Ele disse que tanto a Júlia quanto a Malu terão que estar presentes porque será para avaliar o dia-dia da Malu e o relacionamento dela com a Júlia.
Neymar pai: Interessante... - disse pensativo.
Júnior: Ah, o Eduardo pediu pra te avisar que ele vai ligar mais tarde para marca uma reunião com a gente antes da audiência com o seu testemunho.
Neymar pai: Ótima idéia! Aliás, vou ligar pra ele agora. - levantou do sofá e saiu em direção ao escritório apressado. 
Júnior: Cadê o resto do povo dessa casa?
Gil: Sua mãe e a Mah foram no mercado e o Jota foi buscar o João na Nn. Bora no Kart mais tarde?
Júnior: Vamos! Vou buscar o Davi na Carol agora e depois do almoço a gente vai, fachou? - falei levantando.
Gil: Beleza, vai lá! - saí de casa, entrei no meu carro que estava estacionado na entrada e dei partida. Menos de 10 minutos depois cheguei no prédio da Carol, deixei o carro no estacionamento interno e peguei o elevador colocando o número do andar da Carol. 
Carol: Oi, Júninho! - disse sorrindo quando abriu a porta e eu a abracei rápido antes de entrar.
Júnior: E aí, Cah! Cadê o molequinho?
Carol: Está no quarto brincando. Vai levar ele agora?
Júnior: Vou, mas primeiro quero falar contigo.
Carol: Claro! Vamos sentar... - disse indo para o sofá da sala e eu a segui. - Quer alguma coisa pra beber?
Júnior: Não, tô tranquilo! - sentamos no sofá um do lado do outro e eu a olhei. - Fui em mais uma audiência hoje mais cedo.
Carol: Nossa, tinha esquecido que você iria saber o resultado do exame hoje. Sua mãe tinha me contado! Mas e aí, o que deu?
Júnior: Positivo! - sorri e ela também. 
Carol: Ai meu Deus... Parabéns, Júninho! - riu e nos abraçamos mais uma vez. - Que loucura essa história. Nunca iria imaginar que eu e a Júlia teríamos algo em comum quando nos conhecemos.
Júnior: É tudo muito louco mesmo! - rimos. - Qual é a chance de engravidar duas mulheres, nenhuma das duas planejado, quase no mesmo tempo?
Carol: Para pessoas normais são poucas, mas tu naquela época não era uma pessoa normal né?! - riu. - Vamos falar a verdade!
Júnior: Melhor deixar isso quieto, Cah! - gargalhei. É, tenho que concorda com ela. Início de carreira, jovem demais, fama crescendo, curtição, mulherada... Sabem como é né.
Carol: Como a Júlia reagiu ao resultado?
Júnior: Ah, bem de boa. Ela e eu já sabíamos que iria dar positivo, mas querendo ou não essa confirmação só me deixou mais feliz.
Carol: Imagino! - sorriu. - Então correu tudo bem nessa audiência né?!
Júnior: Mais ou menos! Eu e a Júlia batemos de frente algumas vezes...
Carol: Novidade! - negou com a cabeça. - Qual foi o motivo dessa vez?
Júnior: Ah, ela veio mais uma vez com a história... - contei tudo para ela igual fiz com o Gil e o Cabeça. - Mesmo ela insistindo nessa mentira o Cabeça disse que não liga dela ter que passar o Natal com a gente, caso o Juiz aceite meu pedido. - falei terminando de contar tudo. - Apesar de tudo que ela tá fazendo, ele tá disposto a conviver com ela de boa. Não entendo o motivo dela estar inventando toda essa mentira, cara. - a Carol ficou me olhando como se quisesse dizer algo. - O que foi?
Carol: Quero te dizer um pensamento meu que tive desde quando fiquei sabendo dessa história da Júlia, mas não sei se vale apena. - suspirou.
Júnior: Diz aí, quero saber...
Carol: Tudo bem... Você lembra a reação do seu pai quando ficou sabendo da minha gravidez?
Júnior: Lembro... - respondi lembrando do momento. - Não foi muito boa.
Carol: Não foi muito boa?! Foi péssima, Júninho. Lembro de cada detalhe até hoje do quanto ele ficou bravo com nós dois quando contamos para ele. Eu tava morrendo de medo por estar grávida com uma idade tão jovem e as palavras do seu pai só serviu pra intensificar meu desespero. - respondeu e eu revivi o momento na minha cabeça junto com ela. É, meu pai teve uma reação muito ruim. Ficou muito bravo e até chamou nós dois de irresponsáveis. E isso foi só o começo, se ela soubesse do quanto eu escutei depois que fiquei sozinho com ele. - Vocês dois chegaram a ficar uma semana sem se falarem e a tia Nah ficou super mal com a tensão que rodeou todo mundo. - continuou.
Júnior: Tá! A reação dele foi péssima mesmo, mas depois de um tempo ele se desculpou com a gente e admitiu que exagerou.
Carol: Mas continuou distante de tudo que envolvia a gravidez. - afirmou e eu a olhei meio confuso.
Júnior: Espera... Onde tu quer chegar com isso?
Carol: Bom... - respirou fundo. - Na minha opinião, essa história da Júlia não é tão absurda quanto você pensa.
Júnior: O que?! - perguntei um pouco chocado. - Não tô entendendo Carol... Você realmente acredita na Júlia?
Carol: Não! Não falei isso, mas só acho que você deveria considerar. Sei que é uma história muito maluca e difícil de acreditar, principalmente para você, por isso não te julgo. Só pensa sobre essas coisas que te falei e que passamos juntos. Lembra da postura do seu pai durante toda minha gravidez, do quão distante ele ficou e só se reaproximou quando o Davi nasceu. Juro pra você que não estou querendo culpar o seu pai, mas não dá pra ignorar tudo isso. Eu conheço a Júlia por pouco tempo e é realmente difícil de acreditar que ela tenha coragem de inventar uma mentira tão horrível assim. Agora imagino você, que conhece ela mais do que eu, não acha a mesma coisa? - perguntou e eu pensei um pouco antes de responder.
Júnior: Eu conheço muito a Júlia de três anos atrás e podia jurar que aquela não faria nada como isso... Mas essa de agora eu não tenho certeza. - respondi com sinceridade.
Carol: Talvez a Júlia do passado e essa de agora não tenha mudado tanto assim. Tudo é possível, Júninho.
Júnior: Acho difícil... Por que, como eu disse, não acredito que a Júlia que eu conheci não inventaria toda essa história. - passei as mãos no rosto exasperado. 
Carol: Acho que a Júlia que eu conheci algumas semanas atrás, também não inventaria essa história. E aí?! Talvez a Júlia do seu passado e essa do presente sejam a mesma. Esse é um fato que não temos certeza e é justamente por isso que eu acho que o lado dela nessa história merece ser ao menos considerado. - respondeu e eu fiquei em silêncio sem ter o que dizer e tentando digerir tudo isso. - Só pensa nisso, tá bom? Não tô pedindo para você desconfiar do seu pai e nem quero isso. Apenas considere tudo e tenta enxergar os dois lados da moeda. - assenti meio aério. - Você tá bem?
Júnior: Tô... Só minha mente que está sobrecarregada com tantos pensamentos. Aliás, nessas últimas semanas isso têm acontecido inúmeras vezes. Espero não enlouquecer! - ri fraco pra descontrair e a Carol me acompanhou.
Carol: Vai dar tudo certo! Tô aqui para o que precisar, ouviu? - disse com a mão no meu ombro.
Júnior: Obrigado, Cah! - falei sorrindo deixando os pensamentos de lado, pelo menos por agora. - Então, deixando o estresse pra depois e entrando no motivo principal que eu queria conversar com você. Agora que tá confirmado que a Malu é minha filha, acho que quero conversar e contar logo para o Davi.
Carol: Tudo bem, você que escolhe. Vai ser no momento que tu achar melhor...
Júnior: É um bom momento agora. Quero tirar esse peso de mim e ver a alegria dele descobrindo que têm uma irmãzinha. - sorrimos.
Carol: Tenho certeza que ele vai ficar super feliz. - sorriu. - Quer que eu te ajude a explicar pra ele?
Júnior: Claro que sim! Preciso de alguém para interferir caso eu me enrole. Tu sabe que não tenho um bom jeito pra essas questões... - rimos.
Carol: Sei como é! Então vou lá chamar ele e vocês conversam. Vou ficar no meu canto e se precisar te do uma força, ok?
Júnior: Beleza! - ela levantou do sofá e saiu da sala. Enquanto isso fiquei sentado com os cotovelos apoiados no joelho e tentando chegar na melhor forma de contar para o Davi. Ele ainda é muito pequeno então não precisa saber dos detalhes, mas eu sei que surgirá algumas dúvidas na cabeça dele. 
Davi: Papai! - ouvi ele chamando antes mesmo de chegar na sala correndo e se jogando em cima de mim.
Júnior: E aí, filhão! - ri. - Tava fazendo o que lá no seu quarto sozinho?
Davi: Bincando de dinossaulo. - respondeu enquanto eu me ajeitava com ele sentado no meu colo. - Você veio me pegar, papai?!
Júnior: Sim, vamos no Kart mais tarde junto com os seus tios.
Davi: Oba!!
Júnior: Mas primeiro quero conversar com você... - falei quando vi a Carol voltando para a sala e sentando na poltrona de frente pra gente. - Presta atenção, tá bom?
Davi: Tá! - concordou me olhando atentamente. 
Júnior: Bom... - fiz uma pausa pra respirar fundo. - Lembra da Malu que você conheceu junto com a sua mãe?
Davi: Xim! Eu e a Malu bincamos no parque junto com a mamãe e a titia Xúlia. Foi muito legal né, mamãe? - perguntou olhando para a Carol que sorriu.
Carol: Foi sim, filho!
Davi: Quando a xente vai bincar de novo?
Carol: Espero que em breve... - respondeu olhando brevemente pra mim. - Deixa o seu pai continuar a falar, tá bom? - ele assentiu e voltou a olhar pra mim.
Júnior: Você gostou dela né?
Davi: Xim! - disse sorrindo e nem preciso dizer que também sorri largamente com essa resposta né?!
Júnior: Então... Naquele dia que o papai foi buscar você no parque descobri que a mamãe da Malu e eu já nos conhecíamos. Foi à muito tempo atrás, antes de você nascer.
Davi: Viu a Malu também?
Júnior: Não, a Malu não! Ela ainda não tinha nascido igual você. - ri fraco. 
Davi: Aaaah... tá! - exclamou com um semblante pensativo. - Você é amigo da titia Xúlia igual a mamãe então?
Júnior: Não... Quer dizer, mais ou menos. - completei depois de pensar um pouco. - É que a gente se conheceu, mas depois nos distanciamos e não se vimos mais.
Davi: Purque?
Júnior: Por que?! - olhei para a Carol e a mesma estava com uma cara de "Você está se enrolando".
Carol: Porque o destino quis assim, filho. - disse me salvando. - Agora não dar pra te explicar cada detalhe, mas daqui um tempo quando você estiver maior vai entender, tá bom? - o Davi assentiu e eu suspirei aliviado. - Acho que é melhor ir direto ao ponto, Júninho.
Júnior: Tá bom! Então, filhão, nesse tempo que eu conheci a Júlia ela ficou grávida da Malu igual a sua mãe ficou de você.
Davi: Dã! Claro que sim, papai. Todos os neném nascem só depoix que as mamães ficam gavidas. - respondeu tranquilamente e a Carol gargalhou enquanto eu fiquei bugado. Você tá confundindo ele e se confundindo com essa explicação, cara. 
Carol: Ao ponto, Júnior, ao ponto! - disse tentando prender o riso.  
Júnior: Olha, o que o papai tá querendo dizer é que eu fiz a Malu junto com a Júlia igual fiz você junto com a sua mãe... - o que eu tô fazendo, meu Deus?! - Lembra que eu te disse que o cara lá de cima pega um pedaço do papai e junta com um da mamãe dentro da barriga dela e aí surge o neném?
Davi: Xim!
Júnior: Então, a Malu também foi feita com um pedaço meu igual você só que o outro pedaço foi da titia Júlia e não da sua mãe. - terminei de explicar e fiquei olhando para ele esperando por alguma reação que não teve. Ué?! Olhei mais uma vez pra Carol confuso pela falta de reação dele e ela tava sorrindo negando com a cabeça. 
Carol: Amor, o que o seu pai tá querendo dizer é que você e a Malu são irmãos. - disse sem rodeio e o Davi só levou 2 segundos para demonstrar a reação que eu queria.
Davi: Vedade, papai? - me perguntou já com um sorriso no rosto.
Júnior: É sim! A Malu é sua irmã...
Davi: Que maneilo!! - exclamou descendo do meu colo e pulando pela sala. Eu e a Carol ficamos rindo olhando sua empolgação. 
Júnior: Isso quer dizer que você gostou então?
Davi: XIM! Eu quelia ter um imãozinho igual ao meu amigo da escola, mas uma imãzinha é legal tabem né, mamãe?
Carol: É sim! Vocês vão poder brincar de várias coisas juntos e se divertir bastante.  Você agora é um irmão mais velho, mesmo que seja por alguns meses... - rimos. - Então tem que ser responsável pela Maluzinha. Cuidar e ajudar ela!
Davi: Eu vou cuidar e não vou deixar ela fazer dodói. - disse com convicção e um nó de emoção surgiu na minha garganta só por ouvir isso. Eu sou o cara mais sortudo do mundo com filhos incríveis ♡. 
Carol: É isso aí, meu amor! Tenho certeza que ela vai amar ter você a protegendo. - disse sorrindo e piscando para mim quando percebeu meu estado. - E o Júninho vai proteger vocês dois... da mesma forma que irá mimar também. - revirou os olhos para a última parte e eu ri.
Júnior: Papel de pai né? Sabe como é!
Carol: Infelizmente sei... - disse sem conseguir ficar séria e rindo junto comigo.
Davi: Você vai levar a gente no paque, Papai?
Júnior: Claro que sim, moleque! Logo, logo nós três vamos estar juntos e brincar bastante.
Davi: A mamãe tabem? - assenti. - E a titia Xúlia? Ela ainda é a mamãe da Malu né?
Carol: A Júlia vai ser sempre a mamãe da Malu, filho. O Júnior é o pai de vocês, mas as mamães são diferentes. Eu sempre vou ser sua mãe e a mamãe da Malu sempre será a Júlia, tá bom?
Davi: Tá! Posso ver a Malu agora? Quero falar com ela. - pediu ficando entre as minhas pernas.
Júnior: Agora não dá, filhão. Mas depois que a gente voltar do Kart o papai vai ligar por vídeo para a Júlia e ela vai colocar a Malu pra falar comigo. Se quiser podemos falar com ela juntos...
Davi: Eu quelo!
Júnior: Então vai lá pegar as coisas que você quer levar lá pra casa pra gente ir.
Davi: Posso levar os dinossaulos?
Júnior: Pergunta a sua mãe!
Davi: Pode, mamãe? - perguntou olhando para ela que concordou e ele correu para o quarto todo feliz. 
Carol: Essa alegria é contagiante! - riu.
Júnior: É mesmo... - sorri. - Obrigado, Cah! Sua presença foi muito importante, assim como eu pensei que seria.
Carol: Que nada, você foi bem... optou por um caminho complicado e com informações meio desnecessárias, mas no geral mandou bem. - eu ri.
Júnior: Tu tá sendo modéstia, pode falar...
Carol: É, um pouquinho! - gargalhamos. - Às vezes acho que tu se esquece da idade do seu filho, juro.
Júnior: Eu avisei que não era muito bom nisso. - ri. 
Carol: O importante é que no final deu tudo certo, né?!
Júnior: Verdade! Agradeço a você por isso mais uma vez.
Carol: Não é pra tanto, Júninho! Só dei uma ajudinha... - rimos. - Vamos lá ver o que o seu filho tá aprontando lá dentro com essa demora. - disse levantando do sofá, eu fiz o mesmo e seguimos para o quarto do Davi que estava agachado no chão rodeado de brinquedos. - O que você está fazendo, garoto?
Davi: Proculando os dinossaulos!
Carol: Na casa do seu pai tem vários dinossauros também, Davi. Não precisa levar todos!
Júnior: É, molequinho! Leva só alguns e quando chegar lá você junta com os outros, tá?
Davi: Tá bom!
Carol: Coloca esses brinquedos espalhados de volta no cesto. Enquanto isso vou lá no closet arrumar uma bolsa pra você levar. - disse já indo pra lá e eu fiquei ajudando o Davi a fazer o que ela pediu. Terminamos antes mesmo dela voltar, ficamos fazendo palhaçadas pra tirar fotos e eu acabei postando uma montagem com algumas. 



NeymarJr: O louco destino que nos mostra o quanto podemos ser mais completos do que imaginamos. +1♡

neymarzetes: Lindos da minha vida
foryounjr: I love you ♡
davi_mendes: O moleque tá enorme já
fcnjr10: Que legenda reflexiva é essa??
nadine.goncalves: Meus amores, estou esperando vocês.
lidia.borges: Ele é tão lindinho. Deus abençoe!
neylandia: E esse +1? Achei suspeito @fcnjr10
brumarlife: Bebezinhos ♡
leopicon: Menor sagaz pronto pra ir nos rolê com toiss
rafaella: Venham logo, saudades!
pretinho_njr: Acho q ele tá falando do Davi mesmo @fcnjr10


Parei de ler os comentários assim que a Carol voltou para o quarto com as coisas do Davi, nos despedimos dela e fomos para a minha casa.





By Vic:
Olá, meninas! 
Desculpa pela demora desse capítulo, mas infelizmente não tive como postar antes. Quero avisar a vocês que postar com frequência ficará difícil porque acabei de entrar em uma faculdade e vocês devem saber que no começo a vida dos universitários fica um caos né. 
Minha intensão não é parar de escrever essa fic porque tenho várias idéias formadas para ela. Mas não sei se conseguirei conciliar com as coisas da facul. 
Posso dizer com sinceridade que farei o possível pra não sumir daqui, então só peço paciência para vocês. 
Bjs e até logo! ♡